"Vermelho escarlate e o pregoeiro do eleitorado iletrado
O sucesso de quem se (a)Ventura a reencaminhar as mulheres para o gineceu não é um fenómeno surpreendente. A misoginia e o machismo são pares da ignorância, e a ignorância não é um mal do qual sofre a cultura popular portuguesa - ela é a sua própria essência. E da religião. Fátima, futebol, fado, e agora, anti-feminismo.
O diabrete do Benfica, clube de 46% dos portugueses, é o jogador das cotoveladas partidaristas e o árbitro desejado que promete devolver a ordem às vozes que por muito tempo se trancaram nos lares onde ocorrem todas as formas de violência doméstica, desde a passivo-agressiva até à da morte por tiro e facada.
A democracia passou a ser um simulacro de liberdade de discurso, canção de estupidez e imbecilidade, no paradoxo de instalar a autocracia, democraticamente.
A democracia é liberdade.
A liberdade não é um regime.
Um regime é uma ordem.
Mas a democracia não é a liberdade para o opróbrio,porque existe nela alguma ordem.
A imagem que acompanha estas palavras (atenção especial ao comentário sublinhado a vermelho) é a fotografia viva desse eleitorado iletrado que infesta as caixas de comentários das páginas facebookianas dos jornais nacionais, e que espera ter representação parlamentar por parte de um Presidente ou Primeiro-Ministro com o mesmo tecido intelecto-emocional ameboide*, que legitime a cultura da coisificação feminina, da violação e da pornografia. Estas são também as pessoas que eu tinha como conhecidas e amigas, pessoas que se pode eventualmente gostar, que se sentem magnetizadas pelo discurso que ser mulher é ser-se um brinquedo, um objecto, uma entidade pouco séria e indigna de respeito, que a democracia é o direito a chamar-lhes isso, ou aplicar-lhes sevícias sexuais, pela escolha mais imunda de palavras.
E assim, o segundo lugar no pódio das presidenciais, fica reservado à escatologia do Quinto-Império.
Se as mulheres percebessem que neste jogo os benfiquistas são 46% e Elas são 50% da população portuguesa!"
AKLdd
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