Sobre os Pós-Homens e os Pós-Humanos
"Quando um homem deixa de ser um homem, não se torna uma mulher. Quando um homem cessa de ser um homem, não se torna uma besta. Aqui tudo é mais complicado. Aquele que trai o seu género fica abaixo da linha crítica, abaixo do limite que inclui ambos os géneros.
O pós-homem trai ambos os sexos ao mesmo tempo. Então estamos a lidar com um monstro, com um degenerado perigoso e imprevisível. E certamente não com uma "mulher". É insultuoso até pensar nisso. Com uma mulher, no entanto, algo é diferente. A verdadeira estrutura do seu género é original e está mal estudada, e conceitos como lealdade/traição (que descrevem muito claramente a atitude masculina) não correspondem directamente a ela. Existe (deve existir) uma linguagem especial que deve ser utilizada para descrever as mulheres e a sua lógica. É uma linguagem secreta ou ainda por descobrir. As pós-mulheres não existem. Foram inventadas pelos pós-homens. Também não há feministas. Há vítimas de uma experiência perigosa e cínica. São simplesmente dignas de pena, como corvos coxos.
E os pós-homens existem sim. E eles são os culpados pelo que fazem e em quem se tornam. Tudo à sua volta começa a apodrecer, a decair, a escorregar para a dissolução. Quando são muito poucos, podem de alguma forma ter ainda um lugar na cultura – na marginalidade exótica, na excentricidade, no comportamento extravagante. Mas assim que os pós-homens se tornam uma tendência séria, transformam-se num vírus mortífero e altamente contagioso. Se se lhes der liberdade, eles destruirão tudo à sua volta.
Algo semelhante é o caso daqueles que perdem a sua forma humana. Aí o assunto é ainda mais óbvio. Não se transformam em animais – os animais, mesmo que sejam predadores ou bastante pequenos, são orgânicos, harmoniosos e nunca fazem o que não é justificado e não predeterminado pela sua natureza. Até nisso são bonitos, mesmo quando trazem o maior perigo ou aborrecimento. E reconhecemos isto ao tratar os animais, domésticos e selvagens, com respeito.
Os pós-humanos são completamente diferentes. Rompem com o nosso arquétipo, mas não celebram um contrato ontológico com as bestas. Porque o homem não se pode tornar uma besta. Está para além dos seus poderes. E, o mais importante: ele não tem nem pode ter a inocência inerente a todas as bestas. Assim, os pós-humanos são também monstros, pervertidos e degenerados. Nos tempos antigos, eram chamados "quimeras". Há uma versão de que são antepassados dos macacos, mas os macacos são harmoniosos, orgânicos e encantadores. Eu penso que essa versão é falsa. Os macacos não devem ser insultados.
Os pós-humanos minam o ser humano como os pós-humanos traem o género – género como tal. Ao demolir o homem, os pós-homens causam danos irreparáveis, inclusive à natureza animal.
Os ecologistas (principalmente ecologistas profundos no espírito do steam-punk ou do ciberfeminismo) são uma das variantes dos pós-humanos. Incapazes de serem humanos, tentam transformar-se em ratos ou em gralhas; mas, ao fazê-lo, ofendem roedores e aves. Os ambientalistas são inimigos dos animais; sob o disfarce de seus protectores, escondem os rostos dos maníacos desumanizados.
Os liberais de hoje são predominantemente pós-homens e pós-humanos. O liberalismo é uma espécie de pós-ideologia em que o pensamento, a ideia e a moralidade caem abaixo da linha crítica. É por isso que os liberais modernos atribuem tanta importância à política de género e à ecologia profunda. Eles estão a arrastar a humanidade a toda a velocidade para o oceano da degeneração. E, se precisarem de uma guerra nuclear para criar monstros feitos de resíduos de celofane, algas e circuitos de computador, um dia serão bem-sucedidos. O que está na cabeça de um sodomita ou de um digitalizador-ambientalista funciona fora dos critérios da normalidade. Daí as mutações impostas pelas elites globais – através da infosfera, de comediantes, da virtualidade, das redes sociais, das drogas, do estilo de vida urbano moderno (o urbanismo é uma das ferramentas mais importantes para a degeneração em massa forçada).
Basta dar uma vista de olhos. Na Geórgia, o governo moderado propôs a introdução de uma lei sobre agentes estrangeiros – como nos Estados Unidos. Os agentes estrangeiros imediatamente se revoltaram. Porque tinham medo de não serem os únicos a decidir quem é e quem não é um agente.
Assim é com os pós-homens e os pós-humanos. Tendo tomado o poder, eles próprios introduzem os critérios do que é a norma, do que é woke e do que não é, do que deve ser cancelado. O que era a norma no domínio do género até ontem é agora um crime em muitos países europeus. Portanto, amanhã, a violação dos direitos de um computador ou de uma formiga transeunte pode tornar-se a base para uma verdadeira punição. E aqueles que odeiam o homem gritam mais alto acerca dos direitos humanos. Exactamente, o feminismo é apenas uma versão agressiva e extremista da misoginia radical.
A situação é complicada pelo facto de que na próxima viragem da história, para pelo menos ficarmos onde estamos, é necessário um completo pedido de desculpas aos homens (género como um todo) e ao homem como tal. Mas hoje em dia, é precisamente isto que as elites proíbem categoricamente – até na nossa sociedade. Assim, os pós-homens e os pós-humanos já estão aí enraizados.
Na Rússia, ao contrário dos "valores tradicionais" contidos no Decreto n.º 809, no domínio do paradigma normativo legislativo, na episteme, os liberais continuam a dominar. Essencialmente, a elite russa está a sabotar directamente as decisões do Presidente de regressar à normalidade. E, sem uma tal viragem, não pode haver um pedido de desculpas pleno.
É isto que estamos a enfrentar neste momento. Estamos em guerra com a civilização liberal globalista; mas permanecemos quase inteiramente sob o seu controlo ideológico. O segundo ano da guerra começou; e aqui, ao contrário do que o Presidente disse e fez, reina a sabotagem total. Esse é o problema. E não se trata de como vencer, mas sim de como começar a lutar a sério.
A guerra é um assunto de homens. A guerra é um assunto de humanos. Acima de tudo, ambos devem justificar-se a si próprios. E colocar o sexo oposto em lugares que são especialmente designados para isso. Procurem um homem! Estão a procurar um homem! É algo de importância vital que temos absolutamente de fazer.
Mas, sentem o quão perturbador isso soa? Já foram inseridos em nós programas que nem sequer nos permitem pensar nesta direcção. E fazem-no. Estamos activa e intensivamente a desmasculinizar-nos e a desumanizar-nos. E quem resiste é declarado marginal, obscurantista; marcam-no com os rótulos mais repugnantes e depois matam-no."
Alexander Dugin
13.04.2023
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