AS MULHERES E A IGREJA
Tendo em conta a minha natureza contemplativa, tendência para me interiorizar, e luta constante contra este mundo de aparências e vaidade, quase seria de desejar ser devota de um credo, e caso fosse devota de Cristo às vezes penso, poderia ir para um Convento... Mas a lembrança íntima que me ilumina o espírito das Sacerdotisas da Grande-Mãe, livres e vestidas de branco, ligadas à natureza, a clausura das freiras de hábitos negros, com ar sinistro, longe do culto da natureza, relegadas para os cláustros e afastadas das cerimómias públicas como que ostracisadas pela própria Igreja que elegem, causa-me viva repulsa! Na realidade o catolicismo tem um peso e obscuridade ancestral de castração da alma da mulher reduzindo-a à sua face negra. Acredito que o culto da Deusa, anterior ao Cristianismo, era um hino à Natureza-Mãe e propício à natureza da mulher - inteira. Uma mulher senhora da sua sensualidade e segura da sua maternidade. O conceito do “pecado original”- falsificada a interpretação do mito e a carga fatal que trouxe à mulher, reduziu-a a uma sombra de si mesma. São tantas e tão nefastas as consequências da pregação religiosa contra as mulheres ao longo dos séculos que eu não sei quando nos libertaremos deste manto de negritude e sofrimento!
Mesmo no Culto Mariano e com a Ascenção da Nossa Senhora e a sua Consagração tardia e um pouco forçada, nunca as mulheres na Igreja desfrutaram ou desfrutam ainda do seu culto, mas só os padres que se “vestem de mulher”, segundo certos autores, a imitar as antigas sacerdotisas da Grande Mãe, ficando as mulheres, neste caso as freiras, longe dos Santuários e dos púlpitos e das festas, castigadas pela sua dupla natureza, o estigma de um pecado que nunca as liberta!
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