LIVRO DO DESASSOSSEGO
Tenho vontade de erguer os braços e gritar coisas de uma selvajaria ignorada, de dizer palavras aos mistérios altos, de afirmar uma nova personalidade vasta aos grandes espaços da matéria viva.
Mas recolho-me e abrando. "Sou do tamanho do que vejo!" e a frase fica-me sendo a alma inteira, encosto a ela todas as emoções que sinto, e sobre mim, por dentro, como sobre a cidade por fora, cai a paz indecifrável do luar duro que começa largo com o anoitecer.
Fernando Pessoa 24 -3 -1930
25 - 5 - 2002
Há momentos em que me pergunto se a Internet é mais um meio meramente alienatório e superficial de trocas rapidinhas, de lugares comuns ou se por acaso terá alguma coisa a ver com consciência humana e psicológica, com intervenção e contribuição para um mundo melhor... Se é uma viagem em transatlântico com viajantes de primeira classe a divertir-se num mundo fictício, com "diário de bordo" muito animado onde se contam as aventuras e desventuras de uns tantos previligiados... "Oh! eu ontem dancei com o lord inglês e a princesa ficou furiosa ou a estrela de cinema Bibi Bubu estava linda de morrer ou então o meu maridinho nadou com a vizinha na piscina...que foi noutra encarnação a Tatiana da Rússia". Enfim, ontem estava um lindo dia de sol e eu fiquei o tempo todo a bronzear...
Não sei, pergunto...se isto é uma aventura de dentro do ser à procura de uma nova linguagem ou se não conseguimos sair das trivialidades da vida...Neste caso, por minha parte prefiro ficar em terra! O balanço do mar faz-me vomitar...
Eu sou uma bucólica e estou fora de contexto, admito. Mas se alguém conhecer um Site que me fale da aventura do SER e em que se respire o ar do campo, então deixe uma nota...
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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