13 de MAIO
CONCEPÇÃO IMACULADA
Senhora,
Que ferida é essa no teu coração?
Que chama arde onde pousas a mão?
Que estigma é este? porque te amo tanto eu,
Porque me arde assim o peito?
Porque vivo as tuas chagas,
porque me arde a mim também o coração?
Senhora,
Não sei se a tua ferida é maior do que a minha,
Mas se porventura eu enlouquecer de tanto te amar
E o mundo por isso me condenar,
Não deixes, mesmo que morra de sede,
Que de mais ninguém beba a presença e o sorrir...
Ó minha Mãe que destino é este o meu?
Só de te pensar, desfaleço à espera do milagre,
De poder esconder no teu peito o meu rosto e chorar:
Sem ti, Senhora, neste mundo não concebo mais viver...
(Ladaínhas)
(...) mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas. A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem mediaval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmáticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feninina. Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a incarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo.
(...) É o que emana da própria tradição cristã, no que ela vai aurir ao Antigo Testamento. “ Eu fui criada desde o início e antes dos séculos”, segundo o Eclesiastes.
In A GRANDE DEUSA de Jean Markale
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