O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, maio 29, 2004

O MEU GATO CHAMA-SE KIMIT

Há dias uma amiga referindo-se ao seu cão dizia de forma expressiva, que gostava tanto do seu cão, que às vezes lhe doía...Pensei imediatamente no meu gato. Como eu a compreendi! Claro que quem não tem animais não pode compreender e já vi muito boa gente rir-se do afecto que as pessoas têm aos animais, sobretudo as mulheres aos gatos...

Só tardiamente tive um gato que felizmente ainda vive, e antes de o Ter nunca supus ou imaginei que viria a desenvolver uma relação tão estreita e tão profunda com um animal...De facto tenho-me surpreendido ao longo dos anos com o afecto crescente diria quase que o amor ou mesmo paixão doce e serena que o meu gato me foi suscitando e que aumenta ao contrário do que com os seres humanos e se transformou numa espécie de osmose que permite um entendimento tácito que parece Ter-se estabelecido entre nós com o tempo e no silêncio sobretudo que fez a cumplicidade, com que ele me olha se choro ou estou triste e me alivia tanto pegar-lhe ao colo. Sem dúvida que este meu gato, sendo igual a muitos gatos, é diferente de um cão que ladra abundantemente por tudo e por nada, mas dizia eu que este gato nãos sei se diferentemente de outros, raramente mia e quando o faz parece que fala pois é sempre para me chamar à sua “razão” e talvez à minha intuição...eu respondo-lhe no mesmo tom e assim entabulamos uma conversa que dispensa os verbos e os adjectivos. Mesmo assim não resisto a chamar-lhe os nomes mais inventivos e todo o tipo de diminutivos para expressar o que sinto, mas o que mais me fascina e enternece senão me emociona profundamente é a sua constante lição de saber e de paciência na ternura...a forma como espera sem alarde - às vezes horas - sem que eu dê por isso (distraída a escrever ou a ler) e ele a meus pés ou por perto de barriga para ao ar á espera da minha festa sem se mover e inteiramente confiante nos meus gestos. Nunca me arranhou ou soprou...nunca se zangou comigo ou amuou se lhe dou comida que não gosta ou se me esqueço de lhe limpar a areia...ou mesmo se lhe dou de tempos a tempos um banho...
Um gato é uma soberba lição de amor e de vida porque de paciência e maitrise, dizem os mestres...Ele tem a sabedoria inata que a nós nos falta, no equilíbrio dos opostos no ataque como na defesa, na entrega como na recusa...ama mas não se prende...parece indiferente e frio, mas é caloroso e quente...sempre atento e relaxado, consegue dormir e zelar pela sua segurança...Entrega-se de coração e alma - que a tem de certo! - em quem confia e não cobra nunca viver exclusivamente para quem ama porque na verdade vive só para si mesmo. O amor é o seu estado de permanente vigília. Por isso eram venerados e guardiões de templos sagrados, no Egipto. Cada sacerdotisa tinha o um gato pelo seu Dom de cura e protecção de energias negativas nas casas...

No Egipto era proibido matar um gato...Quem o fizesse cometia um crime punido com a morte...Associado muito mais tarde pela Igreja católica às Bruxas e Videntes foi perseguido e morto como elas durante toda a Idade Média e ainda hoje, qualquer rapazola na rua lhe atira pedras ou lhe agarra o rabo e mata...Tornou-se sinal de agoiro nas superstições populares normalmente de origem religiosa e associado às mulheres em geral é detestado geralmente pelos homens e também por muitas mulheres que têm medo inconsciente da sua feminilidade ou sensualidade uma associação que vem da repressão dos padres da Igreja ao feminino e que prevalece ainda o seu medo ao nível do inconsciente colectivo.

Eu digo como a minha amiga: gosto tanto do meu gato que me dói mais dói-me ainda mais só de pensar que um dia o perco...


"OS NOSSOS PERFEITOS COMPANHEIROS
NUNCA TÊM MENOS DE QUATRO PATAS."


COLETTE

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