O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, maio 07, 2004

- Quem são os nossos carrascos? Os guardas das nossas prisões?

“Os vossos carrascos tem o nome de publicidade, medias, política, religião, obrigações e convenções. Todos obedecem ao Comité Central do Partido do Dinheiro. A constatação é simples e vocês conhecem-na desde há muito, mesmo dizendo que a não suportam! Vocês são os cúmplices das forças que vos alienam pois são vocês que as fabricam e as alimentam continuamente. O que é insidioso nesta situação, é que os vossos guardas saiem do vosso seio e vocês amam-nos com perversidade à semelhante de um veneno.”

in CELUI QUI VIENT
Anne et Daniel Meurois-Givaudan


Ou OS CARRASCOS...que somos todos...

Lia ontem no Público: "segundo o criminologista David Wilson, “ se se dá a alguém poder sobre outra pessoa que não tem nenhum, que foi demonizada ou apresentada como menos humana, então esse poder absoluto corrompe absolutamente”...esta afirmação é feita sobre as torturas e abusos infligidos pelos soldados/as americanos no Iraque, mas eu aproveito o mote para salientar que essa é a mesmíssima razão da violência doméstica! A violência que aprendemos quase todos desde pequenos, nem que seja só num gesto ou numa palavra, em casa!...

Sendo dado ao homem o poder sobre um ser - a mulher - que o não tem e foi e ainda é diabolizado pelas igrejas e apresentada como menos humana pelas religiões, então nós temos a tortura talvez passiva ou subtil às vezes, e a violência instalada há muitos séculos no seio das famílias e com todo o direito que a sociedade lhes confere como às guerras alias, mas é em casa onde de resto aprendem os filhos com os pais a desrespeitar a mãe e a mulher e da mesma forma os seres “inferiores”, antes criadas, agora trabalhadoras/os ou gente “sem nada de seu” como são os vencidos de qualquer batalha ou guerra ou competição de que este mundo é um palco permanente!

Depois, tanto faz que sejam nazis os países que ocupam e invadem, quer sejam “democráticos”, judeus ou cristãos, o resultado é semelhante com a única variante de desculpas esfarrapadas e a imbecilidade de acreditarmos ainda que somos sempre melhores que os piores...civilizados ou fiéis de qualquer credo...
Ah, sim nas democracias os abusos e a violência vem nos jornais e na televisão a que assistimos todos impotentemente...e nas ditaduras não se sabe...dizia ontem o J.M Fernandes, no Público, como se houvesse alguma diferença na prática...mas ele não sabe que o problema do mal e do bem só se resolve dentro de cada um de nós. Que ele é tão sádico e mauzinho como eu...depende só de que lado se veste o casaco...do direito ou do avesso!

Na verdade e para lá dos conceitos a que nos agarramos na teoria, cada um de nós é o anjo e o diabo, que se revê sempre no reverso da medalha no outro que julga e condena! Não foram os americanos libertar os iraquianos da tortura e da violência? A violência a que todo o ser humano é sujeito e instigado pela competição desenfreada na vida e dos valores propagados pelos comerciais e pelo império do dinheiro e do petróleo, servido pelos media em geral, do mais aparentemente inócuo anuncio de Bancos, carros, telemóveis, roupa ou qualquer outro produto, ao mais sofisticado e benéfico, são sempre factores de alienação do ser humano e do respeito pelo próximo! Para não falar dos filmes americanos que proliferam no mundo inteiro a ensinar a morte a tortura e a violência...

“Quem com ferros mata com ferros morre” - é o ditado popular, talvez bíblico.


Continuação do texto em MELUSINE (A MINHA SOMBRA...)

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