O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, maio 03, 2004

>Porque já não há poetas...

A MUSA TRANSFORMOU-SE EM "DOMÉSTICA"...
(na visão ainda pueril do grande poeta)
A MUSA TRANSFORMOU-SE EM POLÍTICA E IDEIA ABSTRACTA
DEPOIS A MULHER TRANSFORMOU-SE EM MINISTRA E DEPUTADA também...


"A razão óbvia pela qual há tão poucos jovens no nosso tempo que continuam a publicar poesia passando dos vinte anos, não é necessariamente como eu pensava, pelo desaparecimento do mecenato e a impossibilidade de assegurar uma forma de vida decente escrevendo apenas poesia. Há na verdade muitas maneiras de providenciar as necessidades da vida que podem coexistir harmoniosamente com o facto de se escrever poesia e nem é difícil publica-la.

A razão é que qualquer coisa morre no poeta.

Talvez ele tenha comprometido a sua integridade poética dando mais valor a uma ou a outra das suas diversas experiências, literária, religiosa, filosófica, dramática, política ou social, do que á poética.

...
Ou talvez ainda ele tenha perdido o seu sentido da Deusa Branca:

A mulher que ele tinha por Musa ou que era a Musa transformou-se na mulher “doméstica” e podendo mesmo ele estar a em vias de se transformar ele também no homem caseiro: a lealdade impede-o de negligenciar a sua companhia, sobretudo se ela é a mãe dos seus filhos e que se tornou orgulhosa em ser uma boa dona de casa; e como a musa se desvanece, assim se desvanece o poeta."

Robert Graves - 1978

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