O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 14, 2005

A CARTA SOCIAL

Diferença entre o escravo e o cidadão (Montesquieu e Rousseau): o escravo obedece ao seu senhor e o cidadão às leis. Por outro lado, o senhor pode ser muito brando e as leis muito duras: isto não muda nada. Tudo depende da distância entre capricho e regra.
(...)
Encontramo-nos diante das coisas liberta o espírito. Encontrarmo-nos diante dos homens, se dependemos deles, avilta, e tal acontece, quer esta dependência tenha a forma de submissão, quer a da autoridade.
Porquê estes homens entre mim e a natureza?
Nunca Ter de contar com pensamento desconhecido...(porque, nesse caso, somos abandonados ao acaso).
Remédio: fora dos laços fraternos, tratar os homens como um espectáculo e nunca procurar a amizade. Viver no meio dos homens como no vagão de Saint-Etienne a Puy...Sobretudo nunca permitir-se desejar a amizade. Tudo se paga. Conta só contigo.


O GRANDE ANIMAL
(...)
Só uma coisa aqui na terra que pode ser considerada portadora de um fim, pois possui uma espécie de transcendência no que respeita ao indivíduo: é o colectivo. O colectivo é o objecto de toda a idolatria, é ele que nos acorrenta à terra. A avareza: o ouro é do social. A ambição: o poder é do social. A ciência, e também a arte. E o amor? O amor constitui mais ou menos a excepção; por isso podemos chegar a Deus pelo amor, não pela avareza nem pela ambição. Mas, no entanto, o social não está ausente do amor (paixões estimuladas por príncipes, por pessoas célebres, por todos aqueles que gozam de prestígio(...)


In A GRAVIDADE E A GRAÇA - Simone Weil

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