O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, março 16, 2005

“O VATICANO LANÇA ATAQUE CONTRA O CÓDIGO DA VINCI”


O Vaticano teme os “erros e distorções” do livro mais vendido no Mundo. Mas que autoridade tem a Igreja que cometeu tantos erros e distorções ao longo de séculos, para além dos crimes e horrores que cometeu em nome da Fé pela Santa Inquisição, para nos querer defender dessa “mentira”?!
Erros e distorções que agora podem ser denunciados, através não só do Código, mas de outros livros mais sérios que as pessoas estão a ler e é isso verdadeiramente o que o Vaticano teme...

Porque se outorga o Vaticano o direito de negar a pesquisa individual de um ou mais escritores, historiadores, antropólogos e ensaístas, em nome dos seus próprios dogmas e preconceitos seculares?
Como é que podemos já no Sec. XXI continuar a ser dominados por tabus e dogmas milenares, rituais desfasados do tempo e sem significado plausível?

O Código da Vinci certamente deturpou menos a verdadeira história de Maria Madalena, oculta e apagada pela igreja, assim como doutros Evangelhos retirados para ocultar verdades que não serviam os seus interesse - para que esta continuasse o seu domínio na anulação e exploração milenar da mulher - do que o Vaticano. Disso temos a certeza!
Não se trata de apenas desmentir um tabu, como o possível casamento de Jesus com Maria Madalena ou a sua relação sexual com uma mulher! Trata-se sim evocar O SAGRADO FEMININO e de elevar a mulher ao “sacerdócio” e partilha espiritual com Jesus que deu à mulher a dignidade de discípula e amante talvez até como sacerdotisa da Grande Deusa, função que a Igreja lhe usurpou, impondo o culto de um só deus macho, dividindo a mulher entre a “santa ou prostituta...” fragmentando o seu ser e rebaixando o seu Mistério ao pecado e à culpa...

Não queimou a Igreja e a sua Santa Inquisição livros, homens e mulheres sábias, milhares de mulheres perseguidas como “bruxas” e que ameaçavam o Dogma da Igreja? Não o fariam igualmente agora se pudessem? Creio bem que sim. Não só queimariam o livro como condenariam o seu autor como herege, às fogueiras...

A IDADE MÉDIA AINDA: O ANÁTEMA DO BISPO CONTRA O CÓDIGO DA VINCI
O ANÁTEMA CONTRA O FEMININO SAGRADO, UMA NOVA PERSEGUIÇÃO À MULHER




Tartone – bispo próximo do papa, que mais parece um vampiro, ou um representante do Santo Ofício, aconselha os católicos a não lerem o livro e a divulgar as suas mentiras...

Em que é que difere o ataque do Vaticano ao livro e ao seu autor, da “Intifada” lançada contra Salman Rushdie pelo seu livro “Versículos Satânicos”? Na ameaça de morte que os fundamentalistas islâmicos lhe fizeram?

Não é uma ameaça à integridade intelectual e ao conhecimento humano, ao discernimento e liberdade da pessoa, este contra-ataque e controle da Igreja?
Morte do corpo para uns e morte da inteligência para outros...

Não é esta a ordem vigente que faz da mulher uma “histérica” (uma “santa” ou uma “puta”, consoante...) em que os homens em geral, e portanto não só padres e bispos, se referem à mulher como histérica, sempre que a mulher fala ou reivindica algum direito que ameace a sociedade patriarcal do alto do seu púlpito?

Senão vejamos o que diz hoje (ou ontem?) o “jornalista” Alberto Gonçalves, do Correio da Manhã...

“Sócrates não se acautelou e agora tem de aturar a histeria das feministas do partido
(...)
Caso soubessem fritar um ovo, mereciam regressar à cozinha”


Não é isto que padres, políticos e jornalistas, todos, mesmo os que não o dizem, pensam e querem das mulheres? Criadas e servas, ignorantes e obedientes, passivas e caladas?


R.L.P.

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