In O SÉTIMO JURAMENTO - DE PAULINA CHIZIANE
Da Ed. CAMINHO – uma terra sem amos
paula rego:
“A IMPRENSA DESVALORIZA CONDIÇÃO DE VÍTIMA
DAS MULHERES ALVO DE EXPLORAÇÃO SEXUAL”
Título de artigo do Público...
Não é a imprensa que desvaloriza a condição de vítima das mulheres alvo de exploração sexual, da mesma maneira que não é a imprensa que não dá grande crédito à violência doméstica...ou a qualquer problema profundo da mulher!
São os homens em geral, os jornalistas e até escritores que falam das mulheres e as encaram superficialmente e as depreciam, como fez um suposto jornalista do Correio da Manhã em relação às mulheres socialista que mereciam era ir para casa “fritar ovos”, ou o que eles mesmo gostam, quando gostam de mulheres, é beber um copo a ver o que dá, estilo “Cidália na cidade”, de serviço na cama do colega ou seja, prostituta de graça, ou então pensa “naturalmente” onde merecem estar, se não forem tão inteligentes que dêem para políticas e jornalistas, é umas gajas boas a fazer streptease, ou a fritar ovos, mais coisa menos coisa...Tem variantes, consoante a evolução do bicho...
Nos blogues há a mesma desvalorização da mulher e pelos mesmos motivos; também aparecem as mesmas cenas de sempre, as mulheres a ilustrar política e futebol, com imenso silicone à mostra...ou então nos mais intelectuais, nem perdem tempo com “gajas”, mas sim com naturezas mortas...
Portanto, a exploração da mulher na rua, em casa ou na política, ou até no futebol - é assombrosa a maneira como os comentadores desportivos por vezes falam das mulheres - passa despercebido à imprensa, pois os homens só se interessam por mulheres na montra, por pornografia e é como que inconsciente o que quase todos pensam e o mesmo até no caso dos bem pensantes! Não o dizem, mas está implícito quando reagem e as mulheres portuguesas que são parvas não querem ver e fingem que também são homens ao fim e ao cabo...com um certo ar de superioridade (masculina) desprezam os assuntos das mulheres! Não ligam nenhuma a coisas deste género, as doutoras, deputadas, as poucas que há...ou as magistradas que há muitas!
As mulheres portuguesas são hoje o que os homens quiseram que elas fossem e elas ainda não encontraram a sua verdadeira identidade ou integridade, nem fora nem dentro dos partidos. Desconhecem a sua história e partem de posições erróneas, que é a maneira masculina de estar no mundo e que as confinou ou a aspectos secundários da vida social ou lhes dão cargos masculinos caso elas falem e ajam como eles...No mais baixo ao mais alto escalão onde se encontra, não importa se é formada ou técnica especializada, doméstica ou operária, a mulher será sempre vítima de discriminação, enquanto o mesmo preconceito dominar os homens e não serão as leis que mudam esse facto, mas sim as mentalidades a partir de uma nova consciência do ser mulher.
“MULHERES PORTUGUESAS CASTRAM SEXUALIDADE.
O CASAMENTO PODE CONDUZIR A UMA RELAÇÃO “MESTRE-ESCRAVO”, DISSE ONTEM O PSIQUIATRA CARLOS AMARAL DIAS NO CONGRESSO “SEXO, ARTE E TERAPIA”.
Aquele especialista falou também da “relação castradora” das mulheres com a sexualidade.” (In o metro, no comboio...)
Tenho alguma relutância em aceitar que um qualquer especialista na matéria se pronuncie sobre as mulheres, nomeadamente sobre a sexualidade da mulher. A razão é simples e muito concreta. Tenho para mim que só a mulher poderá pronunciar-se sobre a sua própria sexualidade se vier a descobri-la para lá dos esteriótipos a que foi forçada social e culturalmente e portanto creio que não há especialistas em tal matéria, nem terapias que possam ajudar a mulher, sobretudo se os ditos terapeutas não estão a falar do sexo a que pertencem! Sim eles têm uma ideia de como gostavam ou pensaram ao longo dos séculos, que a mulher fosse e tentaram mete-la nessa forma ou outras formas mais adequadas ao momento. Os psicólogos e os sexólogos e até os cineastas, quiseram à viva força perceber a mulher, mas o que a mulher é intrinsecamente está muito para além dos seus estudos objectivos e análises científicas e enredos fixionais ou pornográficos..
A atitude do homem em relação à mulher é a mesma que em relação à natureza. Ambas são instrumentalizadas e usadas como se lhes dá na gana! O homem ocidental apropriou-se da natureza e explorou-a, moldando-a segundo os seus interesses egoístas e não respeitou em momento algum as suas leis, que em geral ignora, da mesma forma que rejeitou a natureza profunda da mulher relegando-a para sombra, parte que teme e porque se lhe tornou adversa e ele reconstruiu, tal como se conta a história do Adão que tirou Eva da sua costela, isto segundo o seu deus...
Neste mesmo sentido o homem moderno criou uma mulher de plástico e de silicone que veste e decora como quer nas passereles e em casa. A mulher foi e é perfeitamente manietada sem qualquer identidade sólida - porque dividida ou fragmentada em si própria - sendo uma espécie de ultimo reduto do seu próprio sexo reduzida a tráficos vários e filmes pornográficos ou a esposas e donas de casa, ou, neste último século, a operárias de Segunda, com ordenados sempre inferiores aos homens e com o evoluir das sociedades com umas poucas, muito poucas mulheres aqui e ali a fazerem papéis de homem na polícia ou na política, nos hospitais ou no Governo.
R.L.P.
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