foto: anuncio de um lubrificante de carros...
- Estive a ler os últimos artigos do teu blog. E vi que estás envolvida na discussão sobre o aborto. Eu infelizmente não estou dentro da coisa porque nem sequer vivo em Portugal e nem vou votar. E opinião não tenho. O que te queria perguntar era só 1 coisa: 1. como se sente uma mulher que interrompe voluntariamente a sua gravidez?
Bento Do Ó | Email | 06-02-2007 19:34:57
Por experiência, não lhe poderei responder pois nunca interrompi nenhuma gravidez. Creio que seria incapaz de o fazer e a única vez que me vi nessa hipotética situação, o horror de uma gravidez que me escravizaria e para a qual não teria à partida suporte familiar nem humano - nesse tempo para uma mãe ou pai saber que a filha não era virgem até ao casamento era ainda a pior “desonra” - a par do horror e da agonia de ferir o meu corpo e sem dúvida o amor ao ser que poderia nascer...fizeram-me passar os momentos mais dramáticos e dolorosos da minha vida.
Passaram cerca de 40 anos e algumas coisas mudaram na sociedade portuguesa, mas a mentalidade dos homens aqui em relação às mulheres é quase a mesma e os problemas destas também!
- Enfim, não lhe posso realmente responder por experiência própria, mas posso assegurar-lhe que poucas mulheres não sentirão o mesmo que eu em situação idêntica. Por outro lado, sei que a maior parte das interrupções são forçadas não só pela situação da mulher, sempre desprotegida pela sociedade machista e as suas leis e pelos preconceitos religiosos, mas por pressão dos pais, amante ou maridos...às vezes do “patrão” e esses não são presos, nem penalizados!
PORQUÊ? DIGA-ME...
Pareço se calhar obcecada com a questão mas é a injustiça e o desrespeito pela mulher que me revolta ainda.
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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