O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

A PALAVRA À MULHER


"SÓ A MÃE SABE QUE O FILHO LHE PERTENCE"
in irreflexões Yvete Centeno

Congratulo-me com a vitória do SIM, pela restituição à mulher da sua voz e do seu direito a expressar em primeiro lugar a sua decisão. Em tudo o que concerne a mulher e o seu corpo mesmo um filho, isso diz respeito inteiramente à mulher uma vez que a lei nem sequer penalizava o homem como parceiro no aborto, mas exclusivamente a mulher. Assim sendo, é a mulher quem deve decidir sobre a sua gravidez e a sua vida. Nenhuma mulher fará "abortos" por prazer ou de ânimo leve ao contrário do que os mais aberrantes seres do NÃO afirmaram.

Ainda não compreendo como é que padres e bispos, homossexuais e médicos se intrometem assim na vida das mulheres para lá de qualquer interesse pessoal ou conhecimento de causa...

Não, nunca esteve em causa o sentido da vida, o "aborto" em si, nem princípios éticos e outros desviando-se do propósito do referendo com esse pretexto, para perseguir as mulheres, por ódio, misoginia e prepotência!

Ainda hoje não consigo perceber como é que houve mulheres a querer penalizar outras mulheres admitindo a ideia de que as "outras" mulheres são capazes daquilo que elas não são...que são devassas e criminosas, sem qualquer compaixão pelo sofrimento de quem é impelido a praticar o "aborto" já de si penalizante e a risco de vida, aí sim risco de vida da mulher, abandonada pela sociedade católica e burguesa que não têm a menor empatia com as causas profundas que levam a um tal acto de desespero. Sem dúvida que considero outras opções da mulher mas tenho o dever de respeitar.

Como é que as mulheres se julgam umas às outras quando são todas vítimas do mesmo abuso e desrespeito por parte da sociedade patriarcal? Foi sem dúvida isto que mais me doeu e espantou...
"Não esperem que o mundo vos ampare ou reconheça a vossa identidade enquanto mulheres. O mundo (dos homens) despreza-vos" m.w.

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