O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

A MULHER COMO INICIADA

«As mulheres não são pacientes com o amor. São pacientes com tudo e de tudo fazem hábitos. Do amor é que não. Daí que muitas delas deixem de ser honestas e se entreguem a uma forma de criação que é principiar do nada coisas efémeras que nunca acabam. Chama-se a isto Quinta-Essência, a região do fogo e do amor.(...)Há, nesse círculo da quinta-essência, uma atracção tão arrebatada que ela serve de linguagem entre gente completamente estranha na raça e nos costumes. Um deleite, que não é dos sentidos mas superior nos seus efeitos,...» Agustina Bessa Luís

A “quinta essência da mulher” não é a amante louca ou irracional que se dedica ao deleite ou vive na região do fogo e do amor exclusivamente e de que “serve de linguagem entre gente estranha na raça”. È a mulher iniciadora do homem, como o eram as sacerdotisas do amor na antiguidade, aquela que integra a sua totalidade de amante livre e mãe carinhosa sem cisão entre si…
Há sempre este conflito interno e externo no plano mais humano da mulher comum – nos seus aspectos sociais e psicológicos - e aquilo que eu penso ser a consciência inata da mulher, iniciada por natureza e de que ela não se apercebe porque a sua alma está dividida, ou antes o seu corpo foi cindido em dois pelas religiões, nomeadamente a católica.

O corpo da mãe e o corpo da amante, dissociáveis.

Um, suportado a mantido pela igreja ou estado,

o outro descartado e mantido à margem da sociedade!

A Igreja e a sua misoginia, criou a ruptura, fez o crime de eleger uma a santa e outra a prostituta, ao cindi-la e rasgando-as nas duas partes do seu dogma elegendo a Virgem e mãe aos céus e condenando a prostituta mesmo que arrependida à rua – assim como o “filho da puta” ou o bastardo. Nisto consiste o drama essencial e social da sociedade patriarcal!

Se partirmos do princípio do chakra raiz, o sexo e a terra-mãe, fonte e força matriz, como base da vida e da evolução humana, rejeitado pelos padres como fonte de todo o mal, vemos que a mulher foi impedida desse modo calculado da sua elevação e expressão natural, na recusa sistemática à mulher do dom da palavra, da capacidade de se auto-gerir e de ser a grande iniciadora do amor. Ao excluirem desde os seus primórdios a Grande Deusa, perseguindo a mulher sábia, curadora e parteira, - como ainda hoje o fazem…separando- a (e ao homem) do Sagrado Feminino que em si própria encarnava a Deusa, a Igreja manteve a mulher dividida em si mesma e dividiu-a entre umas e outras .

Temos desta forma de resgatar a mulher do fundo da sua divisão inteior milenar até que ela compreenda que as duas mulheres divididas em si, (ou três, se considerarmos ainda a velha também rejeitada) no seu antagonismo com a "outra" que sempre persegue teme ou acusa, são uma só...

Torna-se muito importante ter em conta esses dois lados da mulher que a cinde no seu âmago e faz sofrer anomalias, depressões e doenças graves, porque a mulher tem, para evoluir e ser íntegra de se unir à sua parte denigrida, a sua sombra, Lilth a Lua Negra, que a Igreja de Roma relegou para os infernos, como diabo ou da Eva eterna pecadora.

Mesmo as mulheres mais inteligentes aceitam essa divisão inconscientemente entre elas, considerando-se umas às outras supérfulas e fúteis, sensuais e devassas (mesmo que não haja preconceito) ou intelectuais e activas (masculinizadas), ou as castas e frígidas esposas. As mulheres sérias e as galdérias...

Sempre o mesmo padrão dual básico e católico da santa e mãe e da mulher libertina ou p…

Se a mulher não integrar as três deusas – a jovem a mãe e a velha - em si mesma no plano psicológico e anímico, a sociedade humana nunca mais se libertará dos seus fantasmas e demónios e das suas guerras!

Se a mulher não se tornar plenamente consciente do seu poder de amor através da sua unidade interior e não for livre para o viver e dizer, o mundo nunca mais terá Paz.
rlp

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