Receio-te, próxima; amo-te, distante; quando me foges, atrais-me; quando me procuras, paralisas-me: sofro, mas por ti que não sofreria eu de bom grado?
Ó tu, cuja frieza inflama, cujo ódio seduz, cuja fuga prende, cujo escárnio comove:
Quem não te odiaria, ó grande atadora, enroladora, tentadora, buscadora, achadora? Quem não te amaria, ó pecadora inocente, impaciente, rápida como o vento, com olhos de criança?
Para onde me levas, agora, tu que és um modelo e um diabrete? E, agora, foges-me outra vez, encantadora traquina e ingrata!
Vou atrás de ti a dançar, sigo-te até por ínfimos vestígios.
(…)
Os meus calcanhares erguiam-se, os meus dedos dos pés escutavam, para te compreender; pois o dançarino, afinal, tem o ouvido nos dedos dos pés! Saltei em direcção a ti, mas tu fugiste, recuando perante o meu salto, e a língua do teu cabelo fuginte, esvoaçante, estendeu-se para mim.
(…)
Os meus calcanhares erguiam-se, os meus dedos dos pés escutavam, para te compreender; pois o dançarino, afinal, tem o ouvido nos dedos dos pés! Saltei em direcção a ti, mas tu fugiste, recuando perante o meu salto, e a língua do teu cabelo fuginte, esvoaçante, estendeu-se para mim.
Saltei para longe de ti e das tuas serpentes, mas aí estavas tu já, meio voltada, com os olhos cheios de desejo.
Com olhares tortuosos, ensinas-me caminhos tortuosos; por caminhos tortuosos, o meu pé aprende... insídias.
Friedrich Nietzsche
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