O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, fevereiro 24, 2009

A DEUSA SHEELA NA GIG

CENSURA?

Foram apreendidos pela polícia portuguesa alguns livros de Arte numa feira cuja capa reproduz a imagem d' «A Origem do Mundo», de Gustave Courbet, tido como fundador do Realismo. Trata-se da sua obra mais conhecida, por expor as coxas e o sexo de uma mulher.

De facto é um quadro que expõe de forma dessacralizada, ou sem pudor, digo e é difícil usar o termo certo, ostensiva e desnecessária. É um quadro que esteve muitos anos interdito no museu do Louvre (creio que não me engano), um quadro que uma pintora que conheci em tempos reproduziu na íntegra e me pediu para colocar um poema meu sem eu ter sabido antes qual era o quadro. Fiquei a um certo nível confrontada com o facto de ver o meu poema associado à exposição da parte mais íntima e sensível da mulher assim em foco, mesmo considerando ser "a origem do mundo", porque creio que nenhum pintor pintou as coxas e o sexo do homem e o usou numa capa de Arte... ou numa exposição, creio eu. Pelo menos não sofre a mesma conotação depreciativa, nem é explorado na publicidade, a não ser para gays...
É verdade que a imagem da mulher é desvirtuada na arte e na publicidade. Aí a sua nudez é usada das formas mais grosseiras e obscenas que não abonam nada a favor da sua "emancipação", por ser uma forma gratuita e de desrespeito pela sua integridade e que a aprisiona a uma imagem de exploração sexual e serve só para atrair compradores para os mais variados produtos. Isso é feito por norma de forma abusiva e nesta linha creio que se passa o mesmo com a capa do tal livro de arte "porno qualquer coisa" que foi apreendido como pornografia.

Agora vamos ver onde acaba o preconceito e onde começa a ética e o respeito por uma parte tão especial do corpo da Mulher e da Mãe.
Está a nossa sociedade preparada como as sociedades antigas para encarar o sexo da mulher como sagrado, respeitá-lo como fonte de vida e origem do mundo?
Não, de maneira nenhuma.
O catolicismo e a Igreja diabolizaram a mulher e o seu sexo e infelizmente é nesse sentido que ele é olhado e encarado e é na pornografia e no desprezo mais vivo que o homem continua a conviver com a nudez da mulher, salvo as honrosas excepções dos homens verdadeiros, os poetas e os já preparados por iniciações e de grande sensibilidade, perto do seu feminino, libertos dos tabus católicos e dos medos atávicos que a Igreja propagou contra a mulher.

Vejamos o que representava de facto a nudez da Mulher,
que nos chega através dos tempos e evoca a Deusa SHEELA NA GIG:

"Ela é uma Deusa Anciã, Deusa da vida e da morte, da fertilidade e da sexualidade. Era retratada como uma mulher velha, esquelética, com os seios caídos, cabelos brancos, representando o aspecto da morte, ao mesmo tempo que abria sua vulva enorme, representação do portal da vida.
Os Celtas reverenciavam o poder sagrado dos órgãos genitais femininos e, esta representação da Deusa servia também como proteção.
Mais tarde a Igreja Católica e o patriarcado transformaram esta representação da Deusa em símbolo do “demônio”. Mais uma vez um exemplo do massacre ao poder sexual feminino tão bem expresso na figura de Sheela Na Gig, que mesmo com uma aparência decrepita triunfa com a sua sexualidade exposta, viva e alegre.
Sheela Na Gig ensina que o medo da velhice é o medo da vida, o medo do ciclo natural de vida e morte. Ela mostra que há poder na velhice, que há glória na velhice e principalmente, que há autenticidade na velhice."


IN http://annaleao.blogspot.com/2009/02/gosto-das-mulheres-que-envelhecem.html

COPIADO DE: http://wwwjaneladaalma.blogspot.com/2009/02/gosto-das-mulheres-que-envelhecem.html

1 comentário:

Anónimo disse...

É preciso desfazer a confusão sobre o sexo das mulheres e sobre o orgão sexual tbm...

Qdo eu criei a Deusa Julika, com a cara de vulva não foi de forma nenhuma com uma intenção pornográfica ou gratuita, mas sempre haverá alguem que possa deturpar o verdadeiro sentido da criação...

Talvez seja preciso tbm esclarecer que o sagrado da sexualidade feminina não é o mesmo que o sagrado casto e puritano da sexualidade patriarcal... onde sagrado é intocavel, inacessivel; e na verdadeira sexualidade sagrada a palavra de ordem é liberdade, a diferença essencial e que as mulheres são livres... donas do próprio corpo, desejo e prazer... o sagrado está em toda a vida, e não apenas na vulva... e a vulva fica natural, como parte de um todo, onde tudo é sagrado e natural tbm...

Não só a mulher, mas toda a vida, e os seres vivos, inclusive homens tbm... de certa forma... por fazerem parte de um mundo superiormente evoluído, e estarem sintonizados em outra frequencia e com outras energias superiores ... que os nossos vãos sentidos patriarcais e a nossa sexualidade vazia e insubstanciosa não pode vislumbrar... tanto quanto nós, mulheres... muito embora claro a simbologia do útero e a sua magnanimidade não possa ser suplantada ou superada por nenhum orgao masculino, sexual ou não... pq somos de fato, as portadoras da vida... e isso nem o patriarcado nefasto e medonhento foi capaz de alterar sequer, qto mais destruir...

Beijos

Nana

(Já viste... como sempre seu blog me inspira...)