Os livros mais antigos da bíblia que falam sobre a Sabedoria - baseados em compilações de textos arcaicos de Suméria, Babilónia e Egipto - preservam as qualidades de sabedoria de deusas como Nammu, Inanna, Cibele, Isis, Rainhas do céu e da Terra, que antecederam por dois milénios a cultura hebraica e grega. Muitas destas imagens e atributos constituíram a base dos textos do Velho Testamento, em que a sabedoria aparece como uma árvore com frutos, um manto que envolve e protege, uma figura velada e misteriosa, um símbolo mítico da divindade feminina. A sua mudança da representação metafórica da sabedoria no judaísmo, personalizada nos textos posteriores (hebraicos, gnósticos, cabalísticos helenísticos) para Espírito Santo e Logos foi embasada em distorções de palavras e géneros na língua hebraica e grega.
De Hokhmah - palavra feminina em hebraico- chegou-se ao termo grego neutro Hagion Pneuma e ao masculino Logos, depois ao conceito latino e masculino do Spiritus Sanctus, apesar da sua imagem ser a pomba, totem da Deusa Mãe.
A transição da sabedoria como atributo da Mãe Deusa até sua transformação no Espírito Santo dos evangelhos gnósticos e cristãos aparece nos Livros dos provérbios (400 a.C.), Ben Sirach (200 a.C.), Canto de Salomão, Livro de Enoch (100 a.C.).
Tora foi vista como tendo sido escrita pelo próprio Deus, a natureza feminina e universal da sabedoria abolida, o realce dado ao compromisso com a lei de punição e recompensa. O verdadeiro significado da sabedoria não se perdeu, mas ressurgiu de outra forma, como Sophia, no Livro de Sabedoria de Salomão, escrito em grego no primeiro século a.C. em Alexandria, por autores judeus não tradicionais (com orientação helenística) e com comentários de mulheres de um grupo místico chamado gnóstica são totalmente negadas como aspectos divinos femininos e jamais é feita alguma menção à sua existência prévia nas escrituras cristãs. A sabedoria é personificada por Jesus como o mediador entre o plano divino e material e cuja missão era salvar as almas e não mais orientá-las para se tornarem “moradas da sabedoria”.
(...)
Jesus, apesar da sua associação posterior pelo apóstolo Paulo com atributos e títulos de sabedoria, nunca afirmou ser ele a Sabedoria divina. O enfoque passou a ser a salvação, conseguida ao pertencer ao cristianismo, que privou assim a alma da união mística do criador com a criação, separando os processos físicos, mentais e espirituais e levando ao distanciamento do homem da natureza e à inferiorização da mulher. As seitas gnósticas, que preservaram a associação mítica entre a Deusa e a imagem de Sophia como personificação da sabedoria divina feminina, foram proibidas no ano 326 pelo imperador Constantino. Sophia ou Sapientia (que emerge do mar e de cujos seios jorram o vinho vermelho e branco da iluminação pela união das polaridades) reaparece apenas na Idade Média nas obras de vários filósofos, ordens iniciáticas (Templários, Cátaros, Graal) alquimistas e trovadores.
A natureza lunar de Sapientia é representada nas suas duas faces, uma clara, outra escura e que está presente nas figuras das duas Marias, a Mãe (doadora da luz) e a consorte (Madalena, que detém o conhecimento da sabedoria oculta). A igreja ortodoxa preservou por um bom tempo o título grego de Sophia como sendo a sabedoria divina (Hagia Sophia) e lhe dedicou inúmeras igrejas, inclusive a famosa basílica bizantina. Santa Sofia foi uma adaptação da Grande Mãe gnóstica, simbolizada pela pomba de Afrodite e depois transformada no Espírito Santo. Por ser a natureza desvalorizada na comparação com a salvação e as mulheres sendo a ela associadas, surgiu a doutrina do controle e autoridade masculinas, a dominação do mundo material e a exploração das mulheres, teoria reforçada pela culpa atribuída à mulher pelo pecado original e a origem dos males no mundo. A harmonização das mulheres e da natureza enfatizou a supremacia masculina, divina e humana, premissa que incentivou as horrendas e cruéis perseguições da Inquisição na Idade Média.
O que é muito importante para nós mulheres modernas, é lembrar que Hagia Sophia é uma energia divina feminina, mediadora entre o céu e a Terra, que detém e compartilha o conhecimento universal do Logos e da sabedoria ancestral. Ela existe em todas nós, portanto devemos prestar atenção à sua voz e agir de acordo com as leis da natureza, buscando o conhecimento intelectual e honrando nossa inspiração e intuição, para fortalecer a sintonia espiritual. Quanto mais conscientes e responsáveis agirmos na nossa vida, mais poderoso e recompensador será o conhecimento que encontraremos, fruto da árvore da sabedoria e verdade. Resgatando o nosso poder ancestral e a habilidade para criar, poderemos assumir nossa condição inata de Filhas de Sophia, sacerdotisas da dança sagrada da vida e da Terra, artesãs dos nossos sonhos e realizações, reconhecendo e honrando a unidade e a interdependência da luz e escuridão, céu e Terra, silêncio e palavras, razão e intuição, espírito e matéria. Therapeutae. Nele a descrição de Sophia (“a qualidade elevada da alma”) é muito semelhante a Hokhmah bíblica, mas com poderes expandidos, como podemos ver nos versos a seguir:
“Ele deu-me o conhecimento de tudo que existe, para compreender a ordem do mundo e a acção dos elementos, o início, meio e final do tempo, a mudança das estações, os ciclos da vida e a posição das estrelas, a natureza dos animais, as espécies das plantas, as virtudes das raízes, as forças dos espíritos e o raciocínio dos homens”. (Livro de Sabedoria do Salomão, 7:17-20).
Sophia se revela uma divindade feminina, atributo de sabedoria da natureza acessível às mulheres, que ficou degradada ao se tornar possessão humana, apenas um veiculo para a grandeza masculina e por isso aos poucos desaparecendo. Interpretações posteriores consideram a Sabedoria o Espírito Divino, um atributo radiante e reflexo luminoso de Deus ou o próprio espírito criador (por ter feito o mundo e conhecer suas leis, que compartilha com os seres humanos), a centelha divina presente nos humanos e em toda a natureza. A actividade mental e a capacidade criativa pertencem também às mulheres, permitindo-lhes confiar no seu intelecto e raciocínio lógico. Deus é considerado a fonte do conhecimento cuja origem é a própria sabedoria, contida nas leis naturais e não confinada em um livro bíblico. A sabedoria é definida como: inteligente, sagrada, única, diversa na manifestação, subtil, móvel, clara, pura,singela, bondosa, invulnerável, beneficente, irresistível, perspicaz, humana, firme, segura, livre da ansiedade, poderosa, que vê tudo e permeia os espíritos inteligentes,puros e bondosos. Porém, depois dos capítulos iniciais do livro em que se enumeram as vinte e uma qualidades de Sophia, ela é vista como uma mulher cobiçada pelos homens para aumentar seu próprio poder. A sabedoria tornou-se assim um objecto a ser possuído pelos sábios, garantindo-lhes poder e vitória sobre os inimigos, sucesso nos negócios e felicidade doméstica, perdendo seus aspectos universais e sagrados. Especula-se que os capítulos foram escritos por pessoas em épocas diferentes, mas o mistério não foi resolvido. Reflexos da Hokhmah hebraica se encontram nos hinos órficos, 80 poemas que honravam várias divindades gregas, atribuídos a Orfeu e usados em rituais entre 300 a.C. e 500 d.C. Independentemente dos seus nomes, as deusas honradas eram manifestações da Grande Mãe, o principio divino feminino universal, existente e manifestado nas leis da natureza, conhecido como Hokhmah ou Sophia, a Sabedoria, com os mesmos atributos e qualidades citados nos livros hebraicos.
Todavia, a mudança histórica do sagrado feminino para o monoteísmo patriarcal levou aos poucos ao esquecimento e diminuição de status das deusas orientais e gregas, antes cultuadas e honradas. A sabedoria perdeu seu aspecto feminino e telúrico, a mulher foi dissociada da imagem da Deusa e menos prezada como manifestação do pecado e do mal. Espírito e natureza tornaram-se polaridades opostas e simbolizadas pela Sophia celeste e Eva terrestre.
Com o advento do cristianismo o arquétipo feminino foi totalmente eliminado da ligação com o divino, a matéria decretada inferior ao espírito, o atributo de sabedoria associado com Jesus e depois transformado na terceira figura da trindade masculina, o Espírito Santo. A conexão entre Sophia, a Mãe Divina e seu filho Christos (o Messias) é perdida, Jesus nasce como filho de Deus Pai e de Maria (simples mortal) e assume as qualidades de Sophia, a sabedoria passando a ser atributo masculino. Hokhmah hebraica ou Sophia gnóstica são totalmente negadas como aspectos divinos femininos e jamais é feita alguma menção à sua existência prévia nas escrituras cristãs. A sabedoria é personificada por Jesus como o mediador entre o plano divino e material e cuja missão era salvar as almas e não mais orientá-las para se tornarem “moradas da sabedoria”. Jesus, apesar da sua associação posterior pelo apóstolo Paulo com atributos e títulos de sabedoria, nunca afirmou ser ele a Sabedoria divina. O enfoque passou a ser a salvação, conseguida ao pertencer ao cristianismo, que privou assim a alma da união mística do criador com a criação, separando os processos físicos, mentais e espirituais e levando ao distanciamento do homem da natureza e à inferiorização da mulher.
As seitas gnósticas, que preservaram a associação mítica entre a Deusa e a imagem de Sophia como personificação da sabedoria divina feminina, foram proibidas no ano 326 pelo imperador Constantino. Sophia ou Sapientia (que emerge do mar e de cujos seios jorram o vinho vermelho e branco da iluminação pela união das polaridades) reaparece apenas na Idade Média nas obras de vários filósofos, ordens iniciáticas (Templários, Cátaros, Graal) alquimistas e trovadores.
A natureza lunar de Sapientia é representada nas suas duas faces, uma clara, outra escura e que está presente nas figuras das duas Marias, a Mãe (doadora da luz) e a consorte (Madalena, que detém o conhecimento da sabedoria oculta).
A igreja ortodoxa preservou por um bom tempo o título grego de Sophia como sendo a sabedoria divina (Hagia Sophia) e lhe dedicou inúmeras igrejas, inclusive a famosa basílica bizantina. Santa Sofia foi uma adaptação da Grande Mãe gnóstica, simbolizada pela pomba de Afrodite e depois transformada no Espírito Santo. Por ser a natureza desvalorizada na comparação com a salvação e as mulheres sendo a ela associadas, surgiu a doutrina do controle e autoridade masculinas, a dominação do mundo material e a exploração das mulheres, teoria reforçada pela culpa atribuída à mulher pelo pecado original e a origem dos males no mundo. A demonização das mulheres e da natureza enfatizou a supremacia masculina, divina e humana, premissa que incentivou as horrendas e cruéis perseguições da Inquisição na Idade Média. O que é muito importante para nós mulheres modernas, é lembrar que Hagia Sophia é uma energia divina feminina, mediadora entre o céu e a Terra, que detém e compartilha o conhecimento universal do Logos e da sabedoria ancestral. Ela existe em todas nós, portanto devemos prestar atenção à sua voz e agir de acordo com as leis da natureza, buscando o conhecimento intelectual e honrando nossa inspiração e intuição, para fortalecer a sintonia espiritual. Quanto mais conscientes e responsáveis agirmos na nossa vida, mais poderoso e recompensador será o conhecimento que encontraremos, fruto da árvore da sabedoria e verdade. Resgatando o nosso poder ancestral e a habilidade para criar, poderemos assumir nossa condição inata de Filhas de Sophia, sacerdotisas da dança sagrada da vida e da Terra, artesãs dos nossos sonhos e realizações, reconhecendo e honrando a unidade e a interdependência da luz e escuridão, céu e Terra, silêncio e palavras, razão e intuição, Espírito e matéria.
IN:http://teiadethea.org/files/jornais/jornaloutubro09.pdf
3 comentários:
quando apareci para comentar sobre o André, não foi para destruir. Isto já é um clichê. Ele em lado nenhum fala da Helena, que era uma mulher realmente diferente e o marcou muito.
Agora, sobre a Maitê, teve um pai que assassinou a própria mãe dela e anos mais tarde se suicidou.
Simploriamente, pois Freud hoje é para os simplórios, Portugal para ela é este arcaísmo dos avós Proença e Gallo. Ela parece uma bebé no tal vídeo.
Bom..eu até gostava de saber quem é tal Helena...
E aí desse ponto de vista concordo com você...Há sempre uma musa (bruxa?) e não fica bem negá-la...
Quanto à Maitê também concordo inteiramente consigo... ela parecia mesmo uma menina a destruir os avós portugueses e a sua tradição...percebo que estava a negar o seu passado e via-se que estava mesmo zangada com o PAI...
Temos que resolver o nosso passado seja de que maneira for...
um abraço amigo
e não se zangue...
rosa leonor
eu não estou zangado. Acontece que a Helena foi uma das mulheres mais impressionantes que eu e o André, tenho certeza, conheceu. Era moçambicana. Fundou um centro espiritualista em Linda a Velha, que funciona até hoje. Lá que o André começou, era cantor do grupo Croix Sancte, ou algo assim, sabia um quase nada de esoterismo, mas era muito vibrante e astral. Parecia-se, eu fico impressionado, com o Jesus, o brasileiro namorado da Madonna, que é muito espiritualizado, vocês pensam que a Madonna é idiota?, parece irmão do André. André na música pop, Jesus na moda e no DJ.
O que eu sinto é que o André perdeu a sinceridade, não para com ele, mas para os outros. Ele não diz o que exatamente pensa. Está preso à sua imagem, deve ser duro para ele.
O impulso de aparecer é o mesmo que um cantor de rock tem, ele transferiu. E no discurso ele não chega nem perto nem longe da vibração da sua voz. Roberto Carlos teve contato com extra-terrestres, e continua aí, dando o que é bom em dar.
Abraços amigos.
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