O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 09, 2015

"A guerra não tem o rosto de uma mulher"



UM ROSTO DE HUMANIDADE VERDADEIRA

«Procuro vidas para serem observadas, para perceber as nuances, os detalhes. O meu interesse não é o evento em si, não é a guerra como tal, não é Chernobil, não é o suicídio. O que me interessa é o que acontece com o ser humano, o que acontece com ele em parte do nosso tempo. Como o homem se comporta e reage.»

"- Todos os anos a 8 de Outubro são anunciados os Nóbeis de Literatura. É importante este Prémio e a forma de o fazer acontecer. A ficção é um estilo cada vez mais em queda, e há muito que o sinto e prevejo. Não se pode mais com histórias ficcionais demagógicas... sem legenda. A inventividade, a criatividade, passa hoje por usar a língua como ferramente não da superação do real , mas de como fazer transmitir esta insólta realidade.- Como escrever em bases que as gerações futuras acreditem que não estamos loucos, ou que estas realidades foram assimiladas pelas "vozes" que dizem estas coisas. Parabéns Svetlana.- " de Amélia Vieira



SOBRE A AUTORA:

A escritora e jornalista Svetlana Aleksievitch, Nobel da Literatura 2015, afirmou hoje que respeita a Rússia da cultura e da ciência, mas não o «mundo russo de Estaline e Putin».

A autora falava aos jornalistas em Minsk, capital bielorrussa, horas depois do anúncio de atribuição do Nobel da Literatura.
Na conferência de imprensa, Svetlana Aleksievitch afirmou que as pessoas não se deviam submeter aos sistema totalitários e afirmou que o Nobel da Literatura é uma recompensa pessoal, mas também para a cultura bielorrussa e para um "pequeno país que sempre viveu sob pressão".
O encontro foi marcado por causa do galardão, mas a escritora acabou por falar sobretudo da atualidade política, nomeadamente sobre a Rússia.
Svetlana Aleksievitch, 67 anos, era uma das autoras favoritas ao Nobel da Literatura e, desta vez, as apostas estavam certas. A Academia Sueca anunciou hoje o nome da escritora, elogiando a escrita "polifónica, um monumento ao sofrimento e à coragem no nosso tempo".
Svetlana Aleksievitch é a primeira jornalista mulher a ser distinguida com o Nobel da Literatura e receberá o galardão, no valor de 860.000 euros, a 10 de dezembro, em Estocolmo.
A academia refere que, devido às posições políticas críticas ao regime, Aleksievitch viveu exilada na Itália, França, Alemanha e Suécia.
Nascida sob bandeira soviética, em Ivano-Frankovsk, na Ucrânia, Svetlana Aleksievitch é filha de um militar bielorrusso e mãe ucraniana. Entre 1967 e 1972, a autora estudou jornalismo na Universidade de Minsk.
Os seus livros estão traduzidos em 22 línguas e alguns foram já adaptados para cinema e teatro.
Em 2013 foi distinguida com o Prémio Médicis Ensaio pela obra "O fim do homem soviético", que encerra uma série de cinco volumes intitulada "Vozes da utopia", na qual aborda a ex-União Soviética (URSS) e a sua queda, numa perspetiva individual.
Este livro foi publicado este ano em Portugal, pela Porto Editora.
A série foi iniciada com "A guerra não tem o rosto de uma mulher" (tradução livre), primeiro livro da autora, que se baseia em entrevistas a centenas de mulheres que participaram na II Guerra Mundial (1939-45).
Diário Digital / Lusa

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