« Não nos libertaremos nunca do patriarcado com anátemas !» dizia a Agnès Echène antes de morrer, e tinha muita razão. É que todas nós excomungamos o patriarcado, mas poucas ou nenhumas se questiona, verdadeiramente, sobre a sua história e a sua instituição de base que é o casamento.
Tudo incita (obriga) a mulher à conjugalidade e desde meninas sonhamos com uma família criada por nós, muito feliz para sempre. Só que aqui, a história é explícita e põe-nos no lugar : mostra-...nos que o casamento não foi instituído para nos tornar felizes mas, tão só, para « dar » descendência aos homens (note-se já aqui a noção de posse).
O mundo da Deusa, esse mesmo de que tanto gostamos, onde as mulheres eram livres, respeitadas e onde o poder do feminino era divinizado ; nesse mesmo mundo ainda não havia casamento. Eram as sociedade totémicas, era o mundo do matriarcado. Esse mundo, não era o dos escritores românticos do sec. XIX e ainda menos o de hoje.
Amigas, se queremos mesmo desvendar o patriarcado temos que começar pelo princípio e questionarmo-nos, com a cabeça fria e liberta de sonhos infantis. Caso contrário, não vale mesmo a pena andarmos por aqui, nem esperar que a violência acabe nas famílias, nem seguir cursos de empoderamento da mulher, nem sequer adorar Deusas ou fazer rituais. O patriarcado não deixará nunca de nos amordaçar se não o questionarmos naquilo que lhe dá poder ; A conjugalidade.
ANA VIEIRA
Sem comentários:
Enviar um comentário