O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 24, 2015

A MORDAÇA DO CASAMENTO



« Não nos libertaremos nunca do patriarcado com anátemas !» dizia a Agnès Echène antes de morrer, e tinha muita razão. É que todas nós excomungamos o patriarcado, mas poucas ou nenhumas se questiona, verdadeiramente, sobre a sua história e a sua instituição de base que é o casamento.

Tudo incita (obriga) a mulher à conjugalidade e desde meninas sonhamos com uma família criada por nós, muito feliz para sempre. Só que aqui, a história é explícita e põe-nos no lugar : mostra-...nos que o casamento não foi instituído para nos tornar felizes mas, tão só, para « dar » descendência aos homens (note-se já aqui a noção de posse).
 

O mundo da Deusa, esse mesmo de que tanto gostamos, onde as mulheres eram livres, respeitadas e onde o poder do feminino era divinizado ; nesse mesmo mundo ainda não havia casamento. Eram as sociedade totémicas, era o mundo do matriarcado. Esse mundo, não era o dos escritores românticos do sec. XIX e ainda menos o de hoje.
Amigas, se queremos mesmo desvendar o patriarcado temos que começar pelo princípio e questionarmo-nos, com a cabeça fria e liberta de sonhos infantis. Caso contrário, não vale mesmo a pena andarmos por aqui, nem esperar que a violência acabe nas famílias, nem seguir cursos de empoderamento da mulher, nem sequer adorar Deusas ou fazer rituais. O patriarcado não deixará nunca de nos amordaçar se não o questionarmos naquilo que lhe dá poder ; A conjugalidade.


ANA VIEIRA

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