O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, outubro 09, 2015

O PODER DA MULHER


O PODER DAS MULHERES


Primeiro gostaria de dizer (uma espécie de aviso) que nós portuguesas em particular (e não só, como é óbvio)  temos um certo "parti pris" para com o poder das outras mulheres, que para além da velha competição entre si, há uma reacção visceral contra principalmente as mulheres mais velhas...

Não, nós não temos essa cultura de aceitar a tutela da "Mãe" ou da mulher mais velha, a que fez a passagem (com ou sem ritos) para a outra fase da sua vida, passando pela experiência e os vários ciclos que implica essa mudança, para a dita 3ª idade, ou seja a mulher sábia (e o termo aqui até nos aparece logo demasiado pretensioso e pesado). Por outro lado é fácil entender logo a ideia pela rama (e pela raiva) como apenas sendo a afirmação de um poder pessoal ao nível do ego..."Ela tem a mania que sabe tudo"...ou da afirmação de poder abusivo sobre os outros/as que é o que estamos habituadas desde que nascemos no mundo dos homens: confronto e competição.

Embora o ego nunca esteja totalmente fora de questão, ao nível das personalidades, ele é de facto  a grande ameaça ao poder inato e interior da mulher, e raras são aquelas de nós que estejamos já livres dele e dessa famigerada competição entre mulheres...Mas ele (ego) é facilmente identificável quando nós já não estamos em ressonância com o nosso próprio (ego) e portanto já não estamos em competição com as outras mulheres...
O que eu digo e sinto portanto quando falo do Poder da Mulher é bem diferente do que se possa pensar; não é o saber intelectual nem outro qualquer saber adquirido nos livros: é o poder inato e interno que nos assiste e vem de dentro e que é inerente a todas as mulheres e que corresponde à sua a voz do útero, à sua consciência como fêmea ao afirmar-se na sua liberdade como ser humano, como senhora da sua vida e do seu corpo e não como uma marioneta dos homens sob o seu jugo ou poder, como objecto sexual ou de reprodução, ao serviço do Estado e do Sistema que julga que pode continuar a decidir ainda sobre o Corpo e a vida da MULHER.  
 

Mas há ainda uma questão mais sensível...nós estamos todas marcadas pelo falso poder de mulheres que se dizem de "mulheres de poder" (seja ele qual for) e que se afirmam na politica ou na sociedade, pelo intelecto e totalmente esvaziadas de identidade e género, fazendo-se passar por algo que não são ou dando-se uma importância desmedida, embora por vezes  passando por ter uma atitude "humilde" ou solidária, passam sim e afinal de contas por cima de tudo e de todos/as e acabam por serem "poderosas" à sua maneira, afirmando precisamente o contrário e disfarçando muito bem a sua sede de poder egoico e pessoal, seja onde for incluindo no aspetco da "espiritualidade".
Ora o poder pessoal e o empoderamente da mulher - não é um poder sobre os outros/as...é o poder da nossa essência manifesta ou expressa que nos outorga de si esse poder que imana de nós quer queiramos ou não, e que nos dá idoneidade quando dele estamos conscientes e se somos verdadeiramente HUMILDES e não a fingir que o somos...


Sem dúvida que mulheres autênticas e com esse poder natural expresso na sua simples presença, a existir SÃO DE FACTO RARAS, e nem precisam de se anunciar, ou afirmar-se - elas são naturalmente reconhecidos pelo que são, mas cabe-nos a nós saber fazer essa diferenciação e reconhecer pelo coração inteligente a mulher que é verdadeiramente humilde e exala ou emana esse poder pelo seu brilho interior de amor e compaixão e não pela sua arrogância ou pretensão a mestra ou seja qual for essa sua pretensão. 

Digo que o poder da mulher está dentro da mulher que Sabe e tem a coragem de o assumir e o vive a partir de dentro porque é una em si, integra, e não pretende nem ser admirada nem se afirmar perante as outras mulheres, nem conquistar audiências ou públicos através de uma falsa sapiência ou autoridade

E hoje o que mais me apetece fazer é sim, dar uma grande gargalhada de Bruxa quando penso na pretensão de se saber alguma coisa de cor...e dar-se esse saber por garantido, quando afinal  NINGUÉM SABE NADA QUE NÃO VENHA DO CORAÇÃO... 

rosaleonorpedro

Republicando - Texto revisto e acrescentado

2 comentários:

Vânia disse...

"O poder de uma Mulher é como um cântico..." Ecoam me estas palavras que um dia ouvi de si, só não recordo o final.

Ná M. disse...

A subjugação foi tão bem feita que acreditamos que se nos sentirmos " poderosas " seremos iguais aos homens.. Estaremos "dominando-os" ... seremos portanto "más" .. . Na verdade só estaremos praticando a nossa liberdade espiritual.... e isto não é dominar ninguém !