"Drogar mulheres, mantê-las em cativeiro e tocá-las sem consentimento não é romance e, sim, abuso, ainda que você tenha um belo corpo e dinheiro."
"Antes de analisar essa problemática, vale a pena mencionar que o roteiro é péssimo, parece colagem de cenas mal feitas com uma sucessão de clichês que cumprem um único propósito: objetificar as mulheres.
Rotulado como filme de romance, estamos diante de uma obsessão doentia. O filme começa com um sequestro, um crime para que a mulher seja obrigada a se apaixonar por ele em 365 dias. Temos clarame...nte a definição do Macho Hetero, que tem autoestima elevada e acha que qualquer mulher ficaria com ele.
Esse estereótipo objetifica mulheres. Percebe-se isso quando o personagem leva a mulher para um dia de compras ao achar que pode comprá-la.
A questão é muito além de aceitar ser submissa na hora do s.ex.o. É uma misoginia explícita ao usar frases como "consigo tudo que quero, na hora que quero, inclusive você", além de reclamar da roupa que ela usa.
Essa violência se estende, pois o personagem obriga outra mulher a fazer s.ex.o oral nele, ou seja, claramente enxerga as mulheres como objetos que só existem para lhe dar prazer, desconsiderando suas emoções e direitos.
Assim como a toxicidade de Grey ["Cinquenta Tons de Cinza"] foi idolatrada, a de Massimo também está sendo.
Por causa dos estereótipos de gênero, se ensinam às mulheres que o homem ideal é superprotetor, que faz tudo por ela e a sustenta. Normalizar esses estereótipos, sequestro, estupro, violência moral, psicológica como a própria Síndrome de Estocolmo, em filmes é propagar a violência contra a mulher como um todo.
Precisamos repensar a cultura pop e seu machismo ao glamurizar o boy lixo. Filmes misóginos e de s.ex.ual.ização da mulher não devem ser ignorados porque glamurizamos uma atitude específica, rostos bonitos, paisagens paradisíacas e e.rot.ismo.
Precisamos analisar criticamente a forma com que os estereótipos de gênero são enraizados. Não dá para querer combater o machismo e, ao mesmo tempo, idolatrar filmes como esse, porque é exatamente assim que se desenvolvem os relacionamentos abusivos quando ignoramos todo um contexto de violência em detrimento de uma atitude especifica.
Drogar mulheres, mantê-las em cativeiro e tocá-las sem consentimento não é romance e, sim, abuso, ainda que você tenha um belo corpo e dinheiro."
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Por Synthya Maia
Advogada criminalista
Direito das Mulheres e LGBT
2 comentários:
Comprei seu livro e estou amando.
Fico muito contente - então quando quiser diga o que sentiu para eu publicar e se quiser tirar uma foto com o livro...também era interessante. Um abraço
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