O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 24, 2022

GUERRAS SUJAS...

QUE AS PESSOAS NÃO QUEREM PERCEBER

A crise ucraniana não está relacionada com a Ucrânia. Está relacionada com a Alemanha e, em particular, com um gasoduto que liga a Alemanha à Rússia chamado Nord Stream 2.
Washington vê o gasoduto como uma ameaça à sua primazia na Europa e tem tentado sabotar o projecto a cada passo.

Apesar disso, o Nord Stream avançou e agora está totalmente operacional para uso. Assim que os reguladores alemães fornecerem a certificação final, as entregas de gás vão começar.
Proprietários de residências e empresas alemães terão uma fonte de energia limpa e barata, enquanto a Rússia assistirá a um aumento significativo nas suas receitas de gás. É uma situação simbiótica para as duas partes.
O establishment da política externa dos EUA não está feliz com estes desenvolvimentos. Os EUA não querem que a Alemanha se torne mais dependente do gás russo porque o comércio cria confiança e a confiança leva à expansão do comércio. À medida que as relações se tornam mais calorosas mais barreiras comerciais são retiradas, viagens e turismo aumentam e uma nova arquitectura de segurança se desenvolve.
Num mundo onde a Alemanha e a Rússia são nações amigas e parceiras comerciais, não há necessidade de bases militares dos EUA, não há necessidade de armas e sistemas de mísseis dispendiosos fabricados nos EUA, e não há necessidade da OTAN.
Também não há necessidade de efectuar transações de energia em dólares americanos ou salvar títulos do Tesouro dos EUA para equilibrar as contas. As transações entre parceiros de negócios podem ser realizadas nas suas próprias moedas, o que deve precipitar uma queda acentuada no valor do dólar e uma mudança no poder económico. É por isso que o governo Biden se opõe ao Nord Stream.
Não é apenas um gasoduto, é uma janela para o futuro; um futuro em que a Europa e a Ásia se aproximam numa enorme zona de livre comércio que aumenta o seu podere prosperidade mútuos, deixando os EUA do lado de fora.
As relações entre a Alemanha e a Rússia simbolizam o fim da Ordem Mundial unipolar que os EUA supervisionaram nos mais recentes 75 anos. Uma aliança germano-russa ameaça acelerar o declínio da superpotência que actualmente se está a aproximar do abismo. É por isso que Washington está determinado a fazer tudo ao seu alcance para sabotar o Nord Stream e manter a Alemanha dentro da sua órbita. É uma questão de sobrevivência.
É aí que a Ucrânia entrs em cena. A Ucrânia é a arma favorita de Washington para torpedear o Nord Stream e colocar uma barreira entre a Alemanha e a Rússia. A estratégia é retirada da primeira página do Manual de Política Externa dos EUA sob a rúbrica: dividir para reinar. Washington precisa criar a percepção de que a Rússia representa uma ameça à segurança da Europa. Esse é o objectivo. Os EUA precisam de mostrar que Putin é um agressor sanguinário com um temperamento explosivo em quem não se pode confiar.
Para este fim, os mídea receberam a tarefa de reiterar compulsivamente: "A Rússia planeia invadir a Ucrânia". O que fica por fizer é que a Rússia não invadiu nenhum país desde a dissolução da URSS, e que os EUA invadiram ou derrubaram regimes em mais de 50 países no mesmo período de tempo, e que os EUA mantêm mais de 800 bases militares em países ao redor do mundo. Nada disto é relatado pelos media, em vez disso, o foco está no "diabólico Putin", que posicionou cerca de 100 000 soldados ao longo da fronteira ucraniana, ameaçando mergulhar toda a Europa em mais uma guerra sangrenta.
Toda a propaganda de guerra é criada com a intenção de fabricar uma crise que pode ser usada para isolar, demonizar e finalmente fragmentar a Rússia em unidades menores. O verdadeiro alvo, no entanto, não é a Rússia, mas a Alemanha.
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