ELAS DIZEM: "MENTIRAM-NOS ACERCA DO FEMININO SAGRADO"
Deixo no final um excerto do livro O Cálice e a Espada de Riane Eisler, que todas deviamos ler para ficar com uma noção mais clara através de uma visão mais correcta do que foi o drama do branqueamento do Principio Feminino e a anulação dos valores do feminino, e que hoje tantas mulheres ignoram e fazem tábua rasa da sua realidade histórica.
Deixo-o para que possamos reflectir realmente sobre a questão do feminino e do masculino e da confusão que se foi gerando nestes ultimos tempos, ao se pretende ligar o feminino sagrado ao masculino sagrado, como se o homem e a mulher estivessem em pé de igualdade quando isso não é verdade. O que para mim representa o feminino sagrado é precisamente o resgate das qualidade do feminino que a mulher perdeu ao longo dos séculos e que sem ele não pode haver equilibrio entre homens e mulheres à partida. Portanto querer que o homem e a mulher façam um trabalho conjunto sem que a mulher esteja consciente de si mesma como um todo em si mesma, não adianta querer fazer essa união porque ela não é essa MULHER... ela é apenas o subproduto da sociedade patrista e adaptada ao ego masculino com o qual se afirma emancipada, considerando-se igual ao homem, alinhando com os seus valores, os valores do patriarcado e do mercado de trabalho, mesmo sem se aperceber, querendo desse modo mudar a velha situação das mulheres, sem perceber o nivel psiquico do seu trauma e das suas feridas emocionais,
Segundo R. Aisler, Para começar as mulheres representavam trabalho não-remunerado no modelo dominador. São objetos de posse, tal como os filhos. Acho que um dos causadores disso é o trauma. Graças ao meu trabalho na área de neuroquímica cerebral, sei que individuos traumatizados costumam-se envolver em conflitos ou fogem. Por isso o trauma está institucionalizado, devido à escassez de segurança, tornou-se perpétuo, é o sistema."
As mulheres contudo não se consciencializaram de toda essa problemática, não percebem afinal "De onde vem o receio da sexualidade feminina? De um repentina liberdade e até prosmicuidade depois de viverem manipuladas anos a fio e sexualmente submissas ao homem. Assim, essa situação mudou do ponto de vista económico e só aparentemente, mas não do ponto de vista sexual.
As mulheres contudo não se consciencializaram de toda essa problemática, não percebem afinal "De onde vem o receio da sexualidade feminina? De um repentina liberdade e até prosmicuidade depois de viverem manipuladas anos a fio e sexualmente submissas ao homem. Assim, essa situação mudou do ponto de vista económico e só aparentemente, mas não do ponto de vista sexual.
Riane, responde: "Não sei se é receio. Creio mais que é um desejo de controlar. Os homens não tem naturalmente receio das mulheres, mas faz tudo parte do modelo social dominador. E muitas vezes as mulheres descarregam, se me é permitido dizer isso, muita da sua frustração recalcada nas sociedades dominadas por homens, nos únicos homens em que podem fazê-lo, os filhos. Por esse motivo há uma propagação. As mulheres tornam-se agentes do sistema. É por isso que costumo dizer que não é uma questão de mulheres X homens, e sim uma questão de as pessoas fazerem aquilo que foram "ensinadas".(...)
E isso está a acontecer agora depois de um período largo termos assistimos ao que foi o resgate dessa história e do significado profundo do feminino ontológico e por isso sagrado, e muitas mulheres e escritoras deram testemunho e deixaram obra feita em todo o mundo. Contudo passados estes anos houve também muita distorção e aproveitamento desse trabalho o que confundiu muita gente e perante tanta confusão gerada, agora vem umas garotas branquear tudo o que fez e pretender dar uma nova versão do feminino sagrado dizendo - com ar muito sabido...- que nos mentiram aquelas que falaram do feminino sagrado, como uma só causa, pois o que existe é apenas o feminino e masculino dentro de nós e igual em todos os seres e portanto tens e podes ser masculina ou feminina conforme tu queiras e o problema de séculos de obstrução e obscurantismo sobre o feminino e a mulher, a negação dos valores do femininos., são ignorados em nome desta versão fácil e estupida e pasme-se, dita "verdadeira" da história ...e contam uma historinha da carochinha sobre a História oculta e omissa da Deusa Mãe e do Principio Feminino.
Fiquei estarrecida com esta live das meninas muito engraçadinhas e tão despachadas a tratar um assunto sério com toda a ligeireza do convencimento e da petulância, afinal a manifestação da simples ignorância. Qual é a "história" de que elas falam? Que versão mais brega...
Estamos realmente num momento muito estranho de negação de tudo o que foi um certo avanço no conhecimento do feminino e de uma verdadeira antropologia. A superficialidade e a distorção de toda a informação é uma ameaça a tudo o que a mulher conquistou nestas ultimas décadas. Precisamos renovar e reforçar a nossa atenção e não nos perdermos no meio deste pântano de lives e de divulgação de temas e abordagens pretensamente sérias feitas por estas mulheres que em geral não tem qualquer profundidade ou saber e preparação nenhuma.
Mulheres não podemos baixar a guarda. Eu tenho avisado. Estamos a ser alvo de uma ardilosa e insidiosa campanha de distorção do Principio Feminino.
rlp
Pela emergência do Princípio Feminino
(...)
"Nós estamos actualmente no ponto crítico entre duas tendências, entre dois sistemas de valores. Estes dois sistemas correspondem aos dois princípios:
Numa etapa da evolução , a espécie favoriza o Princípio Masculino e os valores a ele associado, de opressão, competição, de poder;
Numa outra etapa, a espécie favoriza o Princípio Feminino e os valores que lhes estão associados, o império sobre si, de cooperação, e de vantagens mútuas.
Com o princípio masculino, é a sobrevivência do mais forte; com o princípio feminino, a sobrevivência do mais sábio. É preciso perguntar-se a que levaria essa mudança de atitude ao colocar-se a ênfase sobre os termos do feminino. Que valores adviriam dessa nova atitude, tanto no plano colectivo como individual?"
In "O Cálice e a Espada" de Riane Eisler
(ED. vIA óPTIMA)
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