O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 14, 2002



AS MULHERES

Todas as mulheres sofrem estigmas na pele a partir de qualquer diferença, tendo como referência quase sempre a sua sexualidade, que encarada com mero objecto de prazer ou procriação, a define à partida, por um acto ou uma função, e não como ser individual e inteiro, corpo alma e coração! As mulheres estão tão divididas (pelos homens ao longo da história) dentro e fora de de si que nem se apercebem que não têm uma identidade independente da sua sexualidade. Vivem em função de maridos, filhos, amantes ou do prazer, seu ou do outro. E quando já não servem como objecto são capacho dos netos ou adoecem com cancro da mama ou do útero. Entregam-se à depressão se o marido ou o amante as deixam, abandonando-se a si próprias à espera da morte sem nenhuma esperança; ou então fazem operações estéticas, põem silicone no rosto, convencem-se de que não envelhecerão nunca, recusam a mudança e fingem um prazer que não encontram, tornando-se grotescas ou histéricas.

É urgente a Mulher ACORDAR para a beleza que tem dentro de si, para a grandeza do espírito que as anima sempre e para a sua alma que a espera! E só tem que aceitar a mudança e as suas idades, naturalmente na jovem na mãe e na velha e sorrir para si mesma de cada vez que se olha ao espelho! E em vez do rosto cheio de rugas e dos cabelos todos brancos, ver a alma que lhe sorri nos seus próprios olhos – os olhos esses nunca envelhecem... Prova de que a alma é eterna, como a beleza interna da mulher. E isto é comum a todas as mulheres, sejam elas gordas, feias, tortas ou marrecas, sejam elas lindas de morrer...
É com essas mulheres que eu estou.



O PROFANO

"Hoje em dia, tudo se tornou profano. As funções do princípio feminino, dar nascimento e alimentar, perderam o seu carácter mágico e sagrado; o corpo da mulher tornou-se profano.

Em certas épocas, o erotismo era de essência sagrada: os atributos da dupla função do princípio feminino – o ventre e os seios – eram ao mesmo tempo desejados e respeitados como atributos sagrados.
As relações de ligação com a Natureza são a imagem das relações que temos com a mulher – veículo privilegiado do princípio feminino. A nossa civilização já não respeita a Natureza da mesma maneira que já não respeita a mulher, o princípio feminino e os valores que ela veicula."


"CABE ÀS MULHERES REDESCOBRIR O FEMININO,
DAR À LUZ UMA ALMA NOVA,
CAPAZ DE ASSUMIR A SUA DIMENSÃO CÓSMICA"


Antónia de Sousa

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