O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
quarta-feira, outubro 09, 2002
" Naître consiste à sortir de la mère et mourrir serait en fait retourner en sa mère. Alors de quelle mère s'agit-il? N'est-ce pas le centre, l'omphalos en tant que mère cosmo-tellurique: conjunction subtil de forces dont toute matière vivante est issue?"
in L'HOMME ET SON DOUBLE de Etinne Guillé
LUZ CENTRAL
(...)
"Porque deve haver uma ordem onde a morte não entra.Deve existir um tempo em que TERRA não seja o HORROR que me feriu o corpo e o espírito e que TU curaste purificando TUDO,desencantando os rios até tocar a veia, o corpo rigoroso da vida real. Onde só os gestos puros, só puros ritmos se podem pertencer. E só olhos sem angústia nem pecado se podem confundir com a limpidez da água.
A alma - ela é o eixo.
Ela é a água que subsiste e que fica sempre entre o Corpo e o Espírito.
Do acto à Natureza, do calor ao frio, de Shiva a Shatki vai a distância dum campo de batalha ou a Vida, o Centro Solar incestuoso que pelo poder do Amor inversa a aparência do Cosmos.
Sove e Coagula. "A alma sexo do homem" (Cesariny). A Obra é restituir ao sexo as potências da Alma.É restituir a Alma à Inteligência Divina à Unidade Incoercível. Os olhos do coração vêem o Sangue em cada pedra a oração Macha e Fêmea, seca e húmida, de ouro e de prata, da trans-substanciação universal."
HERNESTO SAMPAIO
A OBRA...
"O andrógino não tenta submergir as diferenças, pois reconhece que as polaridades existem no tempo linear,
mas que são ilusórias quando o tempo é concebido como cíclico e eterno.
O andrógino aceita os paradoxos, e os vive, sabendo que, como criatura finita,
muitas vezes não poderá ver além das aparentes contradições que nos assediam a cada passo.
Portanto o andrógino pode viver o presente imediato sem perder o senso de eternidade.
O andrógino pode também ter como centro um determinado lugar e, no entanto,
saber que esse lugar é um mero grão de pó num planeta que rodopia no espaço" (...)
- June Singer "Androginia"
A PALAVRA...
"A palavra também é destino, pois ela anuncia aquilo que foi decidido pelos poderes; além disso, a maldição e a benção dependem dos rituais mágicos que estão sob o domínio das mulheres. Aquilo que mais tarde passamos a chamar de poesia teve origem na fórmula dos sortilégios e nos cânticos mágicos que emergem espontaneamente das profundezas do inconsciente de onde trazem à tona suas formas características; seu próprio ritmo, além do vigor e da sensualidade peculiares de sua imagem" (...)
in "A Grande Mãe"
A MULHER
"A mulher é, assim, a vidente primordial, a Senhora das águas disseminadoras da sabedoria, oriundas das profundezas; das Fontes murmurantes e das nascentes, pois "o om pronunciamento primordial da vidência é a linguagem da água".Não obstante, a mulher também conhece o sussurro das árvores e todos os sinais da natureza, a cuja vida está tão fortemente ligada. O rumor das águas das profundezas é somente um aspecto externo do murmúrio interior do próprio inconsciente, que nela se eleva espiritualmente como água a um gêiser.
Ela é o centro da magia, do cântico mágico e enfim da poesia, pois a situação extática da vidente resulta de ela ser dominada por um espírito que irrompe dentro dela, o qual se pronuncia a partir dela , ou melhor, que nela se denuncia e se manifesta, em forma de invocação rítmica e intensa. Ela é a fonte de onde Odin obteve as runas da sabedoria, bem como a Musa, a origem das palavras que fluem do âmago do poeta e sua anima inspiradora.
Como força inspiradora ela pode se manifestar isoladamente, na forma tríplice que já conhecemos, e ainda num contexto plural indeterminado. As Cárites, as ninfas, as sereias, as musas, as três graças, as moiras e outras inúmeras figuras, são as forças melodiosas, dançantes e proféticas dessa mulher inspiradora e inspirada na qual o masculino, muito mais distante das origens, busca sabedoria quando impelido pela necessidade. E vezes e vezes seguidas, encontramos essa mulher mântica ligada aos símbolos do caldeirão e da caverna, da noite e da lua.
Com efeito, o caldeirão não é o só vaso da vida e da morte, da renovação e do renascimento, mas também da magia e da inspiração. O caráter de transformação que lhe é inerente passa pela decomposição e pela morte, para chegar à intensificação extática e ao nascimento do espírito eloquente, o qual conduz sob inspiração extática à palavra, ao cântico e à profecia, como sintomas do renascimento."
(...)
ERICH NEUMAN in "A GRANDE MÃE"
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