O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
sexta-feira, março 21, 2003
Querida Rosa Leonor:
Desejava saudar-te, uma vez mais, pela densidade e qualidade da tua página!
Ontem, antes do rebentar da guerra no Iraque e ao ver, com muita tristeza, as notícias na televisão, concentrei-me por um momento no povo daquele país. “Vivi” a presença da noite escura e, através dela, experimentei um momento de denso terror e angústia ao sentir desabar o mundo sobre mim, através de um colossal ataque aéreo.
Num dia como o de hoje, em que sinto na pele a vergonha de pertencer a uma humanidade ainda governada por seres que crêm poder controlar a seu belo prazer a direcção em que aquela tem de caminhar, serviu-me de grande conforto ler as palavras inspiradas de Riana Eisler. Elas remetem-nos para um tempo em que, neste solo sagrado que nos coube no Planeta, a velha Europa, o Princípio Feminino reinava permitindo uma harmoniosa e criativa sobrevivência, até que as invasões indo-europeias implementaram o conceito da superioridade pela força e pela imposição.
Vergonha, sim, vergonha e desgosto é o que sinto pelo nosso primitivismo e inépcia. Pela ganância e hipocrisia, pelas mentiras e fraudes. Pelo desrespeito pela vida, pela falsa superioridade, pela invocação do nome de Deus para os fins mais atrozes.
Saúdo todos os companheios e companheiras que, pelo mundo fora, continuam a não calar a sua voz em prole da paz e da harmonia.
Não desistam! Só perde quem não tenta ainda e sempre mais uma vez…
Tal como o escritor Paulo Coelho disse há dias numa carta aberta a Bush, os poderosos governantes do mundo podem sentir o sol da manhã brilhar sobre as suas armaduras, mas será uma ilusão pois, pela tarde, a força do espírito levará a melhor.
Um grande abraço
Mariana Inverno
PROJECTO Art for All
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