O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 31, 2003



“Como deusa dos ciclos da natureza Artemisia é apropriadamente simbolizada pela Lua de múltlipas fases.”

In “O CAMINHO DA DEUSA” de Patrícia Monagan





“Na primeira lua cheia de Abril era celebrado um dos grandes festivais de Artemisia na Primavera. Tradicionalmente, Artemisia era adorada em rituais de Lua cheia.(...)
Originalmente um festival da Lua cheia em Agosto, o Nemorália foi fixado numa data solar que mais tarde foi convertida numa festa cristã a Maria.”


( do mesmo livro)



ARTEMISIA E A PRIMAVERA

Procura-se a identidade superior

do SER MULHER







Artemisia era a Deusa grega protectora das mulheres, assim como dos animais, de qualquer fêmea grávida ou em trabalho de parto e símbolo da sua liberdade, sendo a “virgem” não porque intocada pelo homem, mas por ser senhora da sua vida e livre como o eram todas as Virgens de outrora, incluindo a Virgem Maria que foi mãe “solteira” - isto é, não se submetia a nenhum homem, mas a si mesma e á deusa de que Cristo nasceu!
Podemos invocar Artemisia se precisarmos da sua protecção e também a da terra e da Natureza, como podemos usar o seu nome para evocar a verdadeira natureza da mulher e o seu culto “pagão”que foi deturpado pela religião cristã.


Artemisia, na sua representação mítica, ocupa-se apenas de um espaço exclusivamente dedicado ás mulheres. Seguindo esta senda de origem sagrada, as mulheres que sentem essa necessidade e só aceitam outras mulheres nas suas cerimónias religiosas designam-se em geral e a si próprias como Diânicas, segundo a deusa romana Diana, que era um outro nome de Ártemis, Artemisia (em português), dado mais tarde pelos romanos.

Hoje em dia as mulheres de espírito “artémis” defendem que as mulheres são de tal modo agredidas pela sociedade falocrática que precisam de espaços exclusivos para as mulheres para desse modo poderem Ter voz e assim recuperar emocional e espiritualmente ao reencontrarem a sua identidade em contacto com o seu ser profundo.

Deste modo, considero que os espaços frequentados só por mulheres que permutam a sua energia e conhecimento intuitivo usando “a voz do útero” podem ajudar-se umas às outras e consciencializar-se das suas muitas capacidades desprezadas pela sociedade de dominação masculina que as apelidaram de histéricas e terem um efeito não só terapêutico como libertador nas suas vidas, almas e corpos “amputados” pela exigência dos conceitos vigentes e das estéticas ao serviço do imaginário masculino e de que são na sua grande maioria escravas. Falo das mulheres em geral independentemente da sua orientação sexual. Gostaria de ver as mulheres unidas e identificadas muito para além das suas pulsões sexuais! Ir para além das “Faces de Eva” ou das “lésbicas” que tão mal invocam a sua suposta Musa, a excelsa poetisa Safo, para dar lugar apenas às expressões mais comuns da mulher e que deixam uma imagem parcial da própria mulher ao seguir estereotipes masculinos, como todas as mulheres o fazem, seja obedecendo-lhes, seja imitando-os....





Não queremos uma Eva submissa nem a mulher masculina. Gostaria que deixassemos de ser apenas um atributo sexual para sermos a expressão maior do nosso ser-inteiro e do nosso coração.
Queremos uma Mulher inteira que se assuma na sua face Lunar de deusa tríplice. É a meu ver esta a face mais importante para todas as mulheres, sobretudo a partir da meia idade, ao descobrirem dentro de si próprias um enorme potencial de liberdade e amor e desejaria que ao desvelar-se essa face-sombra as mulheres se juntassem para partilhar dos seus sonhos próprios e visões, em vez de se antagonizarem umas com as outras por causa dos filhos e amantes...como foram induzidas a fazê-lo e para isso foram divididas em duas ( a santa e a bruxa...) há séculos nas sociedades patriarcais.

Se a mulher encontrar o seu arquétipo Artémis e integrar a deusa que há em si, poderá assim ajudar a salvar a terra Mãe equilibrando-a ao exigir a expressão do seu ser integral e dos valores femininos, seja em casa, no trabalho ou na sociedade!






INVOCAÇÃO À DEUSA

Deusa Virgem, sagrada
Protectora dos montes e da Floresta
Protectora das mães durante o parto
Protectora de todas as crianças,
Ó deusa trípla eu te invoco:


Abençoa as árvores que rodeiam a minha casa,
As árvores que me dão sombra,
Que me protegem do vento,
Que perfumam o ar.
E que elas me protejam a mim como tu
Me proteges...
(...)
Enquanto eu viver e respirar,
deusa virgem e tripla (jovem mãe e velha)
sê sempre minha protectora
para que eu possa viver
e ser o que sou em liberdade!


(Adaptação da invocação original)


Imagens tiradas do Blog :

"AS BRUMAS DE AVALON"
cujo endereço correcto não encontro.
Com todo o respeito pela Deusa e sem querer violar o seu espaço...

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