O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 20, 2003

o oráculo



51 TRAUMA
Chen

Faça uma oferenda, pois os traumas perturbam imenso, mas ele está a tagarelar e a rir. O trauma assusta todos aqueles que se encontram a centenas de quilômetros de distância, contudo nem uma gota de vinho sagrado cai da colher.

NOVE EM PRIMEIRO LUGAR
O trauma provoca medo, medo autêntico. A seguir, vem a conversa e risos, risos autênticos. Boa fortuna.

SEIS NO TOPO
O trauma causa ansiedade, ansiedade autêntica. Lançar à volta com medo, medo autêntico. Atacar é desastroso. O trauma afecta os que estão à sua volta, mas não a ele. Não há nada de errado nisto, embora haja mexericos no seio da família.



PERDER

O centro também está nisto:

Apesar da explosão de raiva –

Da chuva a entrar pelo telhado

E do vento abrir estrondosamente todas as portas

- no fundo seco da taça da perda
Aparece um círculo perfeito com uma pinta:

E algo em ti está tão quieto
Que dás um pulo, mas não dês
Escutas impavidamente –
Respirando e observando a cena

E enquanto a porta bate, continuas dentro de ti
Tão vazio como estás, a jorros
Translúcido como o teu rosto

Então vês a colher que ele segura
E o líquido vermelho-rubi nem estremece...
Porque ele sabe que tudo o que lhe resta é verdade.


I CHING

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