O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

A FUSÃO UROBÓRICA...


"Quero levantar o tema do incesto com a mãe ou com a irmã porque ele está claramente implícito na bipolaridade da deusa. Isto tem muitas conotações para a mulher. No presente contexto trata-se de uma maneira de
“incorporar as forças obscuras da mãe, ao invés de fugir e destruí-las”.
(...)
A ligação erótica pode permitir uma conexão íntima com qualidades positivas da sombra às quais a mulher nunca teve acesso dentro de si mesma. E também o retorno à possibilidade de estar intimamente religada a outrem igual a si mesma, e que pode ratificar plenamente o feminino. Neste domínio está incluído o mistério do amor entre mãe e filha e entre mulheres iguais.

Este incesto sugere cuidados e protecção a nível urobórico, ao nível dos laços simbióticos que firmam a mulher na sua auto-estima, permitindo-lhe ir em frente com a sua alma feminina, livre de amarras do colectivo exterior. (...)

É frequente ocorrer uma fixação de transferência muito erotizada quando a terapia atinge esse nível - é uma fusão urobórica que derrete as defesas do animus e permite o renascimento com a capacidade de exprimir necessidades e sentimentos activa. (...)

In CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA
De Sylvia B. Perera
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(...) "O que sabemos do mito de Deméter e Perséfone celebra a reunião da deusa-mãe com a filha, que fora raptada por Hades para o mundo inferior. Pode partir-se do princípio que, como o Cristianismo é uma religião do mistério pai-filho, os Mistérios Euleusianos mãe-filha tratavam da morte e regresso - como ressurreição, renascimento ou reunião - e de certo modo, o iniciado podia, então, compartilhar o destino da deidade que ultrapassara o reino dos mortos.
Os dois assemelhavam-se também no culto a uma Divindade com três aspectos: a divindade abrange, Pai, Filho e Espírito Santo, enquanto a Deusa era homenageada, nos seus três aspectos, como Donzela, Mãe e Anciã. Em Eleusis, pode muito bem acontecer que a Anciã fosse algo de semelhante ao Espírito Santo, por ser um espírito.”
Travessia para Avalon - Jean Shinoda Bolen

4 comentários:

MOLOI LORASAI disse...

olhar de premie não me engana ...

Anónimo disse...

olhar de premie é o olhar da alma nua...

olhar de quem se reconhece...ou se espelha.

rosa leonor

MOLOI LORASAI disse...

BONITO.
Além disto, em última instância, é o que me salva.

Anónimo disse...

... é esse o sentimento comum de alguns(poucos)que têm o previlégio de serem os amantes da coisa certa...e sempre em última instância reconhecida.

um abraço no espaço ou nas asas do anjo...
rosa leonor