O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, outubro 18, 2018

A MULHER INTEIRA





OS MISTÉRIOS DA MULHER


"Não raramente ouvimos a informação de que não há nenhuma diferença essencial entre homens e mulheres, excepto a diferença biológica. Muitas mulheres têm aceite esse ponto de vista e têm feito muito para alimentá-lo. Têm se sentido contentes em serem homens de sais e assim perderam o contacto com o princípio feminino dentro delas mesmas. Essa talvez seja a causa principal da infelicidade e instabilidade emocional hoje em dia. Ora, se a mulher está fora de contacto com o seu princípio feminino, que dita as leis da integração, não pode assumir o comando do que é, afinal de contas, o domínio de feminino, ou seja, o das relações humanas. E, até que o faça, não poderá haver muita esperança de ordem nesse aspecto da vida. Muitas mulheres sofrem seriamente na sua vida pessoal por esse abandono do princípio feminino.
São incapazes de relacionamentos satisfatórios, ou podem mesmo cair em neurose pela inadequação do seu desenvolvimento nessa área, que é das mais essenciais. Por essa razão, a relação de uma mulher com o princípio feminino dentro de si mesma não é um problema pessoal, mas também um problema geral, até universal para todas as mulheres. É um problema da humanidade.
(...)
É preciso considerar que a essência ou princípio feminino NÃO PODE SER ENTENDIDA ATRAVÉS DE UM ESTUDO INTELECTUAL OU ACADÉMICO. A ESSÊNCIA ÍNTIMA DO PRINCÍPIO FEMININO não se permite tal ataque, o sentido real da feminilidade sempre escapa ao interrogador directo. Essa é a razão pela qual as mulheres são misteriosas para os homens – isto é, para o homem que persiste em tentar compreender intelectualmente a mulher."

Livro de M. ESTHER HARDING


QUE MULHER É A MULHER

O Feminino Sagrado, apesar de tão profanado no passado e tão vulgarizado já nos nossos dias, apresenta-se como a grande alternativa à consciência de um feminino fracturado em duas mulheres, permanentemente dividido dentro de si e em conflito em quase todas as mulheres dos nossos dias.

Porque é obvio que falta à mulher de hoje, a mulher que conquistou um lugar na sociedade e que luta pelos seus direitos e igualdades, que luta pela sua afirmação, a Dimensão Ontológica do seu ser; todas essas conquistas não a põem em contacto com a mulher autêntica, a mulher ancestral, a mulher eterna, porque ela é apenas a metade mulher que negou uma parte de si através da religião que a aprisionou no dogma e viciou essa dimensão. Assim hoje vemos essa dicotomia da santa e da puta a tomar lugar na luta social e familiar de todos os dias.

A mulher intelectual, assumida na sua pretensão de tudo saber e a feminista, a mulher que se julga liberta de preconceitos, tanto como a mulher religiosa, medrosa e culpada, não querem encarar esse lado Sombra do seu ser, essa parte que falta essa parte que se afronta ao espelho, porque se lembra de coisas atávicas que lhe valeram perseguições e também a grande alienação da sua própria mística. Desse modo, umas e outras, perderam a dimensão secreta do seu ser interno, a coesão entre o seu corpo a sua alma e o espírito e enquanto não equacionarem o seu ser ao nível dessa totalidade que são, seja ao nível das energias cósmicas por um lado, o céu, e ao nível das energias telúricas, da terra, seja, por outro, de que ela é a representante privilegiada dessas mesmas energias, e sem essa coesão ela não conquista verdadeiramente nada para si nem para a Vida na sua real dimensão.

E é esta sua essência primeira e matriz feminina sonegada na revelação do milagre do Amor e da Concepção, considerada impura e pecadora pelos padres, que a mulher se perdeu completamente na banalização e na vulgaridade das vidas quotidianas sem essa dimensão do Sagrada do Feminino, parte integrante do SER MULHER inteira.


Se a mulher não recuperar essa Dimensão, se ela não entrar de novo em ressonância com o seu verdadeiro feminino, aquele que ficou anulado na fronteira das reivindicações materiais dentro das concepções ideológicas da sociedade capitalista ou positivista marxista, ela nunca atingirá um patamar de verdadeira realização interior ou de dignidade e limitar-se-á a viver a parte exterior do seu ser e quase apenas o seu lado masculino…

Rosa Leonor Pedro


Mulheres & Deusas - republicando

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