O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 01, 2018

Tudo terá de ser novo


ESCREVI ESTE TEXTO EM 2010 - o que é que evoluímos?


FEMINISTIZEMOS-NOS A NÓS, LIGUEMO-NOS À TERRA MÃE!!!
As barreiras do tempos actuais são as mesmas de há 40 anos, as mesmas de há 3 ou 5 séculos, e o silenciar do feminismo não foi mais do que sempre foi…
Foi o silenciar do Feminino, o silenciar da Mulher verdadeira, da mulher que o Sistema há muito apagou da vida privada e pública e que transformou a mulher-mulher, a mulher original, numa mulher objecto-pertença de seja ele qual for o regime, primeiro submissa, servil, e depois descartável, utilitária, funcional, prática, política, polícia e militar; numa mulher que vende o sexo e numa mulher que faz contractos para ser mãe ou numa mulher que faz parte da Assembleia mas obedece ao marido, ao chefe, ao querido líder, ao pai e ao filho…ao mestre e ao patrão! E quando julga que obedece a si mesma obedece às suas (deles) ideias que ela defende!


AS mulheres, em Portugal, depois do 25 de Abril foram sempre e apenas arremessadas como bandeira pelos políticos de esquerda para ganhar votos.
Os movimentos de mulheres neste país estiveram sempre cativos dos partidos e das ideologias e toda a sua perspectiva é política e social, sem que nunca se questionem sequer acerca da verdadeira liberdade interior de serem elas mesmas e dentro dos partidos ou nos lugares a que têm acesso deviam fazer a diferença e não fazem! E nem mesmo agora com a lei da paridade ou com as mulheres na Assembleia da Republica e no Governo, tudo isso não passa de uma montra para iludir o eleitorado… e a si mesmas!
EIS O QUE A MULHER PRECISA DE SABER, A SUA IDENTIDADE MULHER

PORQUE a “A revolta da mulher é a que leva à convulsão em todos os estratos sociais; nada fica de pé, nem relações de classe, nem de grupo, nem individuais, toda a repressão terá de ser desenraizada
(...) Tudo terá de ser novo. E o problema da mulher no meio disto, não é o de perder ou ganhar, mas é o da sua identidade.”*


AS PROPOSTA E OS OBJECTIVOS DAS FEMINISTAS, são completamente utópicos e irrealizáveis dentro do Sistema Patrista. O Silenciamento das feministas durante mais de 40 anos não aconteceu senão porque as mulheres não estão conscientes, primeiro do que tudo, da sua força IDENTIDADE, do seu ser interior, da sua integralidade, da sua palavra, do seu ser profundo e uno, e continuaram divididas dentro de si, entre os dois lados cindidos da sua natureza, que depois reflectem essa divisão entre elas. As mulheres não se ouvem nem se respeitam entre si e ouvem e obedecem sempre aos queridos líderes…


As mulheres pouco ou nada fizeram estes 40 anos porque apenas meia dúzia de mulheres detêm o controlo dos pequenos Grupos e Associações em nome dos Partidos e pelo apoio partidário ao serviço dos líderes, das ideologias passadas e apegadas às suas ideias “revolucionárias”, ateias e comunistas, ou socialistas agnósticas, rejeitando a sua herança mística e a sua consciência ontológica. As mulheres rejeitaram o lado sagrado da vida como se fosse a causa da sua inferioridade, associada a uma Igreja que as vilipendiou…mas a Origem da Vida e a essência humana, o Espírito ou a Alma do Mundo e do Planeta são SAGRADOS!!! Isso não é religião! É a Criação! As religiões, nós sabemos, destruíram completamente o élan vital do ser humano com a Vida e a Natureza e o Cosmos.


Deste modo e infelizmente o trabalho das feministas no essencial não singrou, não porque foi silenciado, mas porque não foi realizado com a verdadeira consciência do Ser Mulher. A mulher caiu na armadilha da revolução que, desde a revolução francesa, nunca lhe trouxe a verdadeira liberdade nem a dignidade. Porque não são só os aspectos exteriores da sua condição humana que estão em questão como elas pensam, mas o que é realmente SER MULHER. Essa é que é a verdadeira questão de fundo, como dizem as Cartas A SUA IDENTIDADE e enquanto não nos questionarmos nesse ponto nada poderemos fazer pelas outras mulheres…

Porque o facto impeditivo e castrador da mulher é que ela continua dentro de si não só amordaçada pela ideologia, como silenciada no seu íntimo há muito e não sabe do seu verdadeiro ser, não sabe a sua verdadeira palavra. A mulher que se quis impor na política pela reformulação das leis e dentro do Sistema fê-lo apenas com uma metade de si, como um mero fruto obtuso do patriarcado. Ela quer: “Erradicar o patriarcado das sociedades contemporâneas, cultivando, ao invés, uma maior equidade e justiça” mas não vê o paradoxo…e mais uma vez cai na ratoeira do Sistema!
Como é que a mulher não vê que tudo o que ela reivindica dentro do Sistema que a oprime, só pode acontecer num Novo Paradigma que lhe dê autonomia humana e dignidade?

Como é que elas não vêem que o Sistema em si não pode responder às suas aspirações?
Como é que elas não vêem que aquilo que as mulheres reivindicaram após o 25 de Abril em Portugal foi na base de uma filosofia materialista e patriarcal, economicista, machista, que reduz a mulher a um corpo e uma mente, um intelecto até, uma função, mas sem alma nem coração - toda a herança da ideologia comunista que por sua vez manteve a mesma visão da mulher ao serviço do homem e da família, a mesma ideia que no feudalismo ou no fascismo; toda a luta das feministas foi uma luta que se travou apenas ao nível de uma liberdade sexual e económica, em nome de direitos iguais e nunca em termos da sua verdadeira natureza e essência da mulher pois para isso teriam de ir à origem da sua própria história, para lá da história do patriarcado e lutar sim por um novo paradigma que nada tem a ver com os princípios do materialismo e do pensamento racional ocidental.


Se a mulher quiser fazer evoluir a sua condição de ser humano e ter um lugar justo nas sociedades futuras terá de ir mais fundo dela mesma e resgatar o seu ser verdadeiro, o SEU FEMININO FERIDO, restaurar o Principio Feminino, ela precisa para lá dos confins do seu silenciamento e insignificância como Ente de segunda - sair dessa inferioridade psíquica, anímica a que ela foi votada pela Igreja e pelos homens.
Não, não é dentro deste Sistema Economico capitalista seja ele socialista ou fascista, que a mulher tem de lutar pois as armas são sempre as do mais forte e elas são obviamente dos homens onde ela é apenas sujeita, sempre vitimas nas guerras sempre vitimas nas conquistas…
É fora do Sistema, pela consciência da sua verdadeira força e na conquista do seu poder inato, redescobrindo quem ela realmente é dentro de si mesma, A VERDADEIRA MULHER. E essa mulher não é apenas o fruto das suas supostas conquistas ao nível do intelecto nem da razão ou do pensamento cartesiano, mas no coração onde a sua verdadeira força reside, sim principalmente no seu coração inteligente, na sua intuição, pois essa é a sua grandeza, a que reflecte a sua ligação com a Terra e as forças telúricas - sim é ai que reside a sua grande força e não nas leis ou na política.
Quando as mulheres perceberem a sua real força interior então sim TUDO TERÁ DE SER NOVO.

O CAMINHO AGORA É PARA DENTRO…para uma revolução da consciência, não de cravos nem de rosas… mas CONSCIÊNCIA DE SI!
rlp *Novas Cartas Portuguesas, Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, 1972

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