O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 29, 2018

PORQUE O MACHISMO EXISTE


Agressividades - micromachismos


Os Micromachismos

Luis Bonino psiquiatra, psicoterapeuta, especialista em homens e na masculinidade e relações de género, com mais de 30 anos de experiência nestas matérias, refere, em artigos científicos, que os homens, em termos de comportamentos face às mulheres, situam-se num contínuo. Num extremo desse contínuo, estão os homens que exibem comportamentos violentos, dominadores e de desigualdade em relação às mulheres, e no outro extremo, estão os homens que exibem comportamentos pacíficos, respeitadores e igualitários.

De seguida, apresenta-se um texto adaptado de um artigo que Luis Bonino publicou em 2004 – “Os Micromachismos ”:

Para além da violência, há comportamentos de controlo, de domínio de “baixa intensidade”, invisíveis, que os homens executam em relação às mulheres, com ou sem consciência dos mesmos, e que são um obstáculo à igualdade de género. São denominados micromachismos, que Luis Bonino classifica em 4 categorias (utilitários; encobertos; de crise e coercivos):

- Os utilitários
São comportamentos que, aproveitando-se dos diversos aspectos “domésticos e cuidadores” do papel tradicional feminino, pretendem servir-se dessa disponibilidade. Estes comportamentos, exibem-se especialmente no âmbito das actividades domésticas. São exemplos: não ajudar a mulher em relação à casa; ao cuidado dos filhos, entre outros

- Os encobertos
São comportamentos que abusam da confiança e incredibilidade feminina, ocultando o seu objectivo. São de índole insidiosa, subtil e são muito eficazes. São exemplo deste tipo de comportamentos: criar falta de intimidade; silêncios; mau-humor, manipulações; comunicação ofensiva e comunicação defensiva; paternalismos; entre outros.

- Os de crise
São comportamentos que forçam a manutenção do poder (desigual) quando este se desequilibra, seja por aumento de poder pessoal da mulher, e diminuição do poder do homem, ocasionado por desemprego, incapacidade do homem, etc. Estes comportamentos por parte dos homens, têm por objectivo evitar alterações do status quo, e pretendem reter ou recuperar o poder. São exemplos: o hipercontrolo; a resistência passiva; o refugiar-se na crítica; o vitimizar-se, etc.

- Os coercivos
São os que servem para reter poder, através da utilização da força psicológica ou da moral masculina. Nestes, o homem usa a força (física, moral, psíquica e económica, ou de personalidade), de um modo directo, para tentar dominar a mulher; limitar a sua liberdade, explorar o seu pensamento, seu tempo, seu espaço, suas energias vitais e restringir a capacidade de decisão. As restrições à comunicação; o uso abusivo do espaço, do tempo, para atingir proveito próprio; o apelo à lógica da superioridade masculina, são exemplos destes comportamentos.

Os comportamentos (são 50 os “truques” identificados por Luis Bonino, que os homens utilizam para dominarem as mulheres), incluídos nestas 4 categorias. Pretendem restringir  a liberdade de acção e decisão  feminina.

Efeitos dos micromachismos na mulher
O seu efeito deriva do uso combinado e reiterado, e tendem se assim for, a gerar um clima “tóxico” que afecta o bem-estar da mulher, se ela não descobre (Bonino diz que há mulheres que levam anos a perceber o que se passa), e se não reage eficazmente.

Podem afectar a mulher de diversos modos, tais como:

- O esgotamento das reservas vitais e emocionais;

- A inibição do poder pessoal;

- A inibição da lucidez mental;

- A auto-estima.

A página pessoal de Luis Bonino, onde se encontram disponíveis artigos sobre a masculinidade:
In incalculável imperfeição

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