O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 08, 2018

UM MUNDO SEM MÃE



QUANDO A FILHA MATA A MÃE...



Fiquei siderada com a noticia recente de uma filha (adoptiva) de 23 anos, universitária, com a ajuda do marido de 27 anos, licenciado, assassinou a mãe uma mulher de 59 anos que era professora num liceu. Aconteceu há dias no Montijo.
E eu pensei: o que poderia levar uma filha, mesmo que adoptiva, em ultima instância a matar a Mãe?

Sim, tinha de haver alguma razão ...nem que fosse loucura ou insanidade e pelas fotos e pelo discurso da rapariga, não me pareciam ser pessoas miseráveis e incultas que matam por dinheiro ou por ódio, num momento de fúria… Afinal eram pessoas com um grau de instrução superior e de aspecto "normal" digamos… nada previa tamanha aberração de crime...

Que frieza no calculo foi preciso, que ódio que raiva, que vingança pode levar esta rapariga a matar uma mulher que lhe deu tudo, uma mãe que lhe deu abrigo e a educou... Sim, o que é que leva uma mulher a matar outra, neste caso uma filha uma mãe, sem remorso e ela própria divulgar o desaparecimento da mãe depois de a matar de forma mosntruosa…?

Sem duvida que isto revela uma grave dissociação psicológica, revela a falta sentimentos verdadeiros e de respeito, revela o estado decadente desta sociedade patriarcal (a família) que está a transformar-se num Hospício, num mundo de sociopatas e psicopatas!
Sim, este crime brutal fez-me pensar como as mães negam as filhas e as filhas negam as mães e se odeiam...mas isso faz parte do Sistema patriarcal…foi este CRIME que a o Pater assinou e a sua filha Atena para destruir a maternidade e o grande potencial de sabedoria e amor que é a Mulher.

TUDO ISTO É A FALTA DE MÃE NO MUNDO…

Podemos perguntar como é que alguma filha pode construir uma vida e viver bem consigo se odeia a mãe…? que mulher é a mulher que ODEIA A MÃE ?
Isto é uma velha e verdadeira Tragédia Grega… e esta tragédia encomendada é um fundamento mesmo do patriarcalismo que Matou a Mãe e que criou filhas sem mãe...mulheres sem alma, mulheres desligadas da sua essência, sem esse elo que as liga a sua linhagem materna.

Não creio que mulher alguma possa realizar seja o que for de verdadeiro como Mulher se não fizer as pazes com a mãe dentro dela. Muitas mulheres acham que essa separação e ódio entre mãe e filha não tem importância e normalmente são as filhas que elegem o Pai ou o marido (neste caso?) como protectores e acabam por ser sempre as fiéis de um Sistema assassino (violência doméstica, abuso sexual e feminicídio) mesmo quando falam da liberdade da mulher ou cumulo da ironia se julgam dentro de algum caminho que as leva a Deusa - ora não há caminho da Deusa sem o amor da Mãe , sem esse trabalho feito dentro de si - sem que a mulher consciente consiga resolver esse conflito primário que a põe em luta e conflito com as outras mulheres mesmo quando diz defender as mulheres ...na verdade o que faz é a breve trecho odiar as outras mulheres e defender os homens. O amor do homem vem substituir o amor da mãe e claro que fará da mãe e das outras mulheres suas inimigas potenciais… e portanto quanto a mim nenhuma mulher se encontrará no seu amago e fará o caminho da Deusa sem resolver esse conflito básico primeiro.

Como é que podemos amar a Mãe dentro de nós mesmo quando não tivemos o seu amor...amando-nos a nós mesmas como seres integrais e conscientes… e à medida que vamos evoluindo nesse amor, nessa compreensão de nós e nessa compaixão percebemos o drama das mães e das outras mulheres…
rlp

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