O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, outubro 23, 2019

A MULHER FORTE...



E INTEIRA!

"A mulher corajosa não tem medo de investigar o pior. Isso garantirá um aumento do poder da sua alma através das percepções e oportunidades para examinar de novo a sua própria vida e o seu próprio eu. Neste tipo de exploração da terra da sua psique brilha nela a mulher selvagem. Não teme a escuridão mais escura, porque na verdade pode ver no escuro. Ela não teme os despojos, os desperdícios, a podridão, o fedor, o sangue, os ossos frios, as mulheres jovens morrendo ou os maridos assassinos. Ela pode ver tudo, pode resistir a tudo porque pode também ajudar."

Clarissa Pinkola Estes


MULHERES BRAVAS 

"Quando estamos obcecadas pelos sapatinhos vermelhos, todo tipo de fato importante do ponto de vista cultural, pessoal ou ambiental é deixado de lado."

"Quando os instintos estão feridos, os seres humanos trivializam uma agressão após a outra, atos de injustiça e destruição que afeiam a elas mesmas, à sua prole, aos seres amados, à sua terra e até mesmo aos seus deuses."

Existem muitas mulheres brabas por aí, famosas e brilhantes. Quando Clarissa mencionou Janis Joplin tudo ficou mais claro. Na adolescência sentia uma atração inexplicável por essa cantora. Agora vejo que era na verdade uma identificação. Me via nela. Claro, ela era uma mulher braba!

"Não foi a música, o canto nem a vida criativa finalmente liberada de Janis Joplin que a mataram. Foi a falta de instinto para reconhecer as armadilhas, para saber quando basta, para criar limites para a defesa da saúde e do bem-estar, para entender que os excessos quebram alguns ossinhos psíquicos, depois outros maiores, até que finalmente todo o esqueleto de sustentação da psique cai por terra e a pessoa vira uma massa amorfa em vez de uma força poderosa."

E porque escrevo tudo isso?

Por causa da voz da mulher selvagem que anseia em ser ouvida.

"Só esse anseio, esse desejo já faz a pessoa prosseguir. Ele faz com que a mulher continue a procurar. E, se não consegue encontrar a cultura que a estimule, geralmente ela resolve criar, ela mesma, essa cultura. Isso é bom, pois, se ela a criar, outras que vinham procurando há muito tempo chegarão misteriosamente um dia, proclamando com entusiasmo o fato de estarem procurando por ela o tempo todo."

(…)

"Apesar de os contos de fadas acabarem ao final de dez páginas, nossas vidas não acabam junto. Nós somos coleções de muitos volumes. Na nossa vida, mesmo que um episódio represente um desastre total, sempre há um outro episódio à nossa espera e depois mais outro. Há sempre outras oportunidades para acertar, para moldar nossa vida do jeito que merecemos que ela seja. Não percam tempo amaldiçoando alguma derrota. O fracasso é um mestre mais eficaz do que o sucesso. Ouçam, aprendam, insistam. É isso o que estamos fazendo com essa história. Estamos ouvindo sua mensagem antiqüíssima. Estamos aprendendo lições sobre modelos deteriorantes para podermos prosseguir com a força de quem sabe pressentir as armadilhas, arapucas e iscas antes de nos defrontarmos com elas ou de com elas nos envolvermos. "

in Mulheres correndo com lobos

clariça pinkola estes

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