- Se o que sabemos ou julgamos saber das deusas antigas não é fidedigno, então o que é fidedigno? Por outro lado, se as verdadeiras noções sobre essas deusas se perderam há muito, que pessoa actualmente viva é que pode dizer o que corresponde à verdade ou não? Qual dos vivos poderá dizer a outro vivente 'a tua noção não é verdadeira' se nenhum dos vivos pode averiguar nem a sua veracidade nem, obviamente, a sua falsidade?
Por outro lado, se as deusas adoradas na antiguidade europeia já são hoje mal conhecidas, o mesmo não se poderá dizer das deusas ainda hoje adoradas na Índia sem interrupção histórica. Poderá então a mulher portuguesa, a italiana, a inglesa, a holandesa, a russa, dedicar-se ao culto de deusas hindus sem que lhe possam dizer que já não as entende? Se, por outro lado, a ocidental encontra semelhanças entre o que sabe das deusas antigas e o que é sabido das deusas hindus, isso quer dizer que está enganada e deve portanto abdicar da sua própria capacidade de avaliar o que vê e o que sente? Não é aliás por acaso que no movimento neo-pagão há muito mais mulheres do que homens, nalguns casos o dobro, quando não o triplo, algo que não se deve apenas ao maior pendor religioso da mulher mas, creio, à sua identificação com religiões de culto a deusas. Como bem diz, tudo isto se aplica também a homens, consoante os casos, mas esses têm tido desde há séculos a sua religião patriarcal, as mulheres e os maricas é que não e agora começam a tê-las, à medida que antigos cultos regressam paulatinamente.
- Rosa Leonor Pedro Eu disse que não podemos dizer com toda a certeza que é exactamente assim como julgamos ver, porque lemos a nossa maneira de ver a distância de milhares de anos e digo também que a maneira de saber o que é verdadeiro, é a forma como a informação ressoa com cada mulher como um ser total e com a memória das suas células. O que eu queria alertar é para o perigo de trocarmos de cultos se a Deusa no sentido do absoluto, energia e Principio feminino, não estiver integrado. Não no plano mental-intelectual porque ai é que está o perigo de se julgar que se sabe, mas não haver essa conexão interior com a energia da Deusa. A Deusa é uma experiência no amago da mulher e para mim, basicamente Ela é só uma, não muitas deusas. Seja na India seja no Egipto as deusas eram representação e emanação de forças e poderes… Hathor e Bastit etc. cada qual representando as facetas da mulher a integrar. Essas deusas são princípios da Natureza e do Cosmos como Nout deusa do Céu e Maat, como Principio da justiça e verdade, mas tudo faz parte integrante de um ser . Assim vejo todas as deusas que proliferam na antiguidade clássica, como diferentes nomes da mesma Deusa e diferentes facetas que a mulher de acordo com a sua natureza pessoa melhor encarna, mas a essência da Deusa como geradora de vida e Matriz da vida é só uma. Seja como for, o que eu quero significar no texto anterior, é que se a mulher não for inundada dessa energia catalisadora que harmoniza e equilibra todas essas diferenças não há uma mulher integral e continuaremos a ter as mulheres cindidas e divididas em arquétipos e estereótipos… Portanto podemos adorar a deusa X ou Y mas isso não quer dizer que toquemos a nossa essência telúrica e divina…
Em suma penso e afirmo que a Mulher DESPERTA tem em si uma natural sabedoria que lhe permite saber o que é a verdade mas no sentido actual e dos nossos dias criar uma nova realidade e não imitar os antigas religiões a risco de perdermos tudo o que evoluímos ou não nestes últimos séculos.
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