O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, outubro 12, 2019

Cultos



O PERIGO DOS CULTOS...
A DEUSA COMO UMA NOVA FÉ?


Antes tínhamos fé em Deus... em deus-pai-filho e espirito santo. Hoje abriram-se novas perspectivas e a mulher desperta para uma nova consciência de si e do sagrado e de uma Deusa Mãe que não apenas a Virgem e mãe de Jesus. Falo aqui do renascer de um Feminino Sagrado, como um valor inerente ao ser mulher com referências num matriarcado. Este absorção da Grande Deusa pagã pelas mulheres foi um passo muito importante e de valor inestimável para a mulher do nosso tempo face ao patriarcalismo e o materialismo redutor da vida destas ultimas décadas, por isso mais importante talvez do que o feminismo, e falo por experiência própria, mas no mundo moderno tudo tem duas faces e o "novo" também pode ser uma armadilha. Se a mulher não estiver atenta ela pode cair na armadilha do que é falso e aparente. É que dentro do quadro social e económico, a mulher continua a viver debaixo do poder patriarcal, sujeita as suas ideias e leis e aos seus padrões, programada e avaliada dentro do Sistema. O sistema falocrático que a usa e anulou no seu potencial instintivo e a impede ainda hoje de entrar em contacto com o Principio Feminino e portanto com as forças da natureza e do mundo cósmico telúrico e isso muitas vezes impede que a mulher tenha um verdadeiro discernimento do que representa a Deusa e a Mãe e a Mulher, ou seja, a Mãe e a Filha como referência psiquica e emocional, integrando e restabelecendo de forma consciente a sua relação com a sua mãe de carne e osso, e não o Pai e o Filho, ou a deusa nesta caso e apenas mude de fé…Sim, em vez de cultuar o deus pai cultua a deusa mãe mas não muda a sua programação interior nem a sua consciência de si como mulher integral, pois continua dividida nos estereótipos ou arquétipos que separam as mulheres nessa fragmentação abusiva e secular do seu ser cindido na mulher decente e séria, a mulher respeitável pelo sistema, a mulher casada com homem e filhos e a mulher livre solteira e sensual, que consideram promíscua e depravada, associada a prostituta.
Enquanto as mulheres viverem debaixo destes padrões e se avaliarem entre si com estas bitolas e se olharem entre si como rivais, más ou boas, deste ou daquele grupo, mesmo subtilmente e tiverem medo umas das outras, não há qualquer representatividade da Deusa na mulher seja como devotas, seja como sacerdotisas. Porque neste caso apenas substituíram um culto por outro... e o mesmo medo e auto-censura do dogma e o conceito bem e o mal as tolhe... vivem nessa mentira de que são todas doces e submissas e alegres e positivas!
Enquanto as mulheres não se amarem a si mesmas e aceitaram como são e às outras mulheres e forem efectivamente abertas e livres e capazes de se olharem na sua sombra e integrarem os seus medos e traumas, sem auto-censura, sem repressão do seu lado feio ou dito negativo, nunca estarão prontas para serem autênticas e exemplos a seguir ou fontes de inspiração para outras mulheres.


rosaleonorpedro


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