O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 28, 2019

A obsessão urbana e radical chic...



UM EFEITO DE DISTRACÇÃO...

(Saias, peúgas, malinhas e quejandos…)

“A obsessão urbana e radical chic com as questões de género e as causas fracturantes tem um efeito de distracção em relação ao que se passa em grande parte do país, para além de um menosprezo pelas questões de segurança dos mais fracos, seja na cidade, seja no campo”.

Sempre este “argumento”, que hierarquiza causas e questões ao pretender criticar uma... hierarquização de causas e questões. Nada impede pessoas e instituições de tratar das várias ao mesmo tempo e é isso que deve ser feito. Não há questões “fraturantes” (esta expressão, ainda, really?) versus questões de segurança ou sociais (essas já não são fraturantes?), há as duas ao mesmo tempo e com a mesma importância.
E temos, como sociedade e estado, perfeita capacidade para isso, sem cair nesta falácia da escolha. Ou na demagogia anti-elitista." - Pacheco Pereira


A JUSTIÇA HUMANA

"Neste mundo nada está em seu lugar, começando pelo próprio mundo. Não devemos surpreender-nos então com o espetáculo da injustiça humana. E igualmente vão repudiar ou aceitar a ordem social: somos obrigados a sofrer suas transformações para melhor ou para pior com um conformismo desesperado, como sofremos o nascimento, o amor, o clima e a morte. A decomposição preside as leis da vida: mais próximos de nosso pé do que estão do seu os objetos inanimados, sucumbimos antes deles e corremos para o nosso destino sob o olhar das estrelas aparentemente indestrutíveis.
Mas mesmo elas virarão pó em um universo que só nosso coração leva a sério para expiar depois com dilacerações sua falta de ironia...
Ninguém pode corrigir a injustiça de Deus e dos homens: todo ato é apenas um caso especial, aparentemente organizado, do caos original. Somos arrastados por um turbilhão que remonta à aurora dos tempos; e se esse turbilhão tomou o aspecto da ordem, é apenas para nos arrastar melhor..."


— Emil Cioran, in "Breviário de Decomposição".

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