Ah quantas máscaras e submáscaras,
Usamos nós no rosto de alma, e quando,
Por jogo apenas, ela tira a máscara,
Sabe que a última tirou enfim?
De máscaras não sabe a vera máscara,...
E lá de dentro fica mascarada.
Que consciência seja que se afirme.
O aceite uso de afirmar-se a ensona.
Como criança que ante o espelho teme,
As nossas almas, crianças, distraídas,
Julgam ver outras nas caretas vistas
E um mundo inteiro na esquecida causa;
E quando um pensamento desmascara,
Desmascarar não vai desmascarado.
FERNANDO PESSOA (1888-1935)
Tradução: Jorge de Sena.
Não Sou Mestre de Ninguém
" Não Sou Mestre de Ninguém. Ninguém é discípulo meu. Sou como a Flecha na encruzilhada, cuja missão é apontar o caminho certo. E depois ser Abandonada...
Se o viajante parar diante de mim, contemplando a minha forma de cores, se, em vez de demandar a invisível longinquidade, se enamorar da minha visível propinquidade, não compreender a minha mensagem, que aponta para alem de mim, rumo ao infinito...
Ai de MIM, SE FOR O ESPELHO, perante o qual os homens parem para se contemplarem a si mesmos, em mortífero narcisismo! Feliz de mim se for janela aberta, que permita visão de horizontes longínquos, passagem fraca para o infinito!
Não sou Mestre de ninguém, ninguém é discípulo meu!
Indico a todos os mestre invisível, que habita na alma de cada um e para além de todos os mundos. Sinto-me feliz, quando o viajante, orientado pela legenda da minha seta, me abandona e vai em demanda da indigitada meta em espontânea liberdade, rumo à longínqua felicidade...."
Do Livro: A Voz do Silencio de Huberto Rohden
Sem comentários:
Enviar um comentário