O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, março 26, 2020

AS MÁSCARAS E SUBMÁSCARAS



Ah quantas máscaras e submáscaras,
Usamos nós no rosto de alma, e quando,
Por jogo apenas, ela tira a máscara,
Sabe que a última tirou enfim?
De máscaras não sabe a vera máscara,...
E lá de dentro fica mascarada.
Que consciência seja que se afirme.
O aceite uso de afirmar-se a ensona.
Como criança que ante o espelho teme,
As nossas almas, crianças, distraídas,
Julgam ver outras nas caretas vistas
E um mundo inteiro na esquecida causa;
E quando um pensamento desmascara,
Desmascarar não vai desmascarado.


FERNANDO PESSOA (1888-1935)
Tradução: Jorge de Sena.


Não Sou Mestre de Ninguém

" Não Sou Mestre de Ninguém. Ninguém é discípulo meu. Sou como a Flecha na encruzilhada, cuja missão é apontar o caminho certo. E depois ser Abandonada...
Se o viajante parar diante de mim, contemplando a minha forma de cores, se, em vez de demandar a invisível longinquidade, se enamorar da minha visível propinquidade, não compreender a minha mensagem, que aponta para alem de mim, rumo ao infinito...
 

Ai de MIM, SE FOR O ESPELHO, perante o qual os homens parem para se contemplarem a si mesmos, em mortífero narcisismo! Feliz de mim se for janela aberta, que permita visão de horizontes longínquos, passagem fraca para o infinito!
Não sou Mestre de ninguém, ninguém é discípulo meu!
Indico a todos os mestre invisível, que habita na alma de cada um e para além de todos os mundos. Sinto-me feliz, quando o viajante, orientado pela legenda da minha seta, me abandona e vai em demanda da indigitada meta em espontânea liberdade, rumo à longínqua felicidade...."


Do Livro: A Voz do Silencio de Huberto Rohden

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