Trechos do Livro de Isabelle Nazere-Aga
O MANIPULADOR
(...) Por «lesões psíquicas» traduz-se primeiramente em sintomas físicos. Se a lesão moral perdurar, esses sintomas intensificar-se-ão, instalar-se-ão em permanência e organizar-se-ão em síndromas, isto é, em doenças. São «os sinais de stress». E por uma boa razão: o manipulador é um dos maiores agentes relacionais de estresse! (...)
(...) Um simulacro de compaixão poderá no entanto atravessá-lo quando uma pessoa que não seja você estiver em dificuldade. É aliás capaz de empregar todos os esforços para tratar de alguém que tem o mesmo problema de saúde que você já teve. A diferença entre você e essa pessoa? Você não teve direito a nenhuma consideração da parte do seu conjugue, negligenciou-a e trata agora com mil cuidados outra pessoa. O manipulador dá assim uma boa imagem de si próprio e poderá fazer acreditar aos estranhos que a condição da humanidade o comove ao mais alto grau! assim, poderá militar para a Amnistia Internacional ou a Cruz Vermelha, e ser um verdadeiro tirano na sua vida privada. (...)
(...) O Manipulador é dotado de um talento inegável para inverter as situações. É-lhe fácil modificar com convicção o que afirmava há alguns dias, algumas horas, ou até alguns minutos atrás! (...) Mesmo na presença de testemunhas, o manipulador é capaz de negar com unhas e dentes qualquer contradição evidente. (...) Decerto, a MENTIRA, faz parte das características dos manipuladores. O que não quer dizer que mintam a torto e a direito. Podem FALSIFICAR OU OMITIR UMA PARTE DA VERDADE. Não se trata de um «esquecimento» mas de uma desinformação voluntária. Ainda aqui, se descobrirmos a verdade, eles tentarão inverter a situação para nos convencer de que as nossas provas não são provas.! (...)
PREGAR O FALSO PARA SABER O VERDADEIRO é uma táctica do manipulador posta em acção para vigiar. A prática corrente consiste em transformar uma suposição em afirmação ou em fazer uma pergunta incluindo um elemento erróneo. «A tua irmã fez bem em vender o carro a teu irmão.» «Ela deu-lhe o carro, não o vendeu!»
A jogada está feita. O manipulador queria saber se o irmão tinha bastante dinheiro para comprar um carro em segunda mão. A verdadeira pergunta fica tanto melhor encapotada quanto mais a conversa for despreocupada e positiva. Esta forma de comunicação obriga-nos a descodificar constantemente o significado subjacente das suas formulações verbais, mas também dos seus aspectos não verbais (mímicas, tons de voz, olhares, atitudes, silêncios e etc...). ESGOTANTE!
O Manipulador não dialoga. Monologa sobre as suas ideias preconcebidas. Está persuadido de que está de posse de toda a informação sobre o assunto que estamos a discutir: uma maneira sonsa de não ter que discutir inteligentemente. (...)
(...) O Manipulador enuncia as suas ideias como se tratasse de verdades universais. É capaz de inventar provérbios. É mestre na arte de FAZER DESLIZAR UMA FRASE do particular para o geral. O discurso dele parece lógico…
(...) A utilização de princípios morais e de generosidades que podem ser inteiramente criados permite que o manipulador evite a responsabilidade de um juízo pessoal. Assim se ele pronunciar a frase«Não nascem gatos dos cães» observando a crise de cólera do seu filho (que é também o dele!), é bem evidente que a mensagem se dirige a si. O reparo é tanto mais estúpido quanto a cólera das crianças não tem nada de hereditário. Mas todos os pretextos são bons para atacar.
Os princípios, as máximas e os provérbios que ele emprega são intermutáveis conforme o contexto e conforme o que lhe der jeito. Por exemplo, um dia ele utiliza o provérbio «s que se assemelham procuram-se» para nos brindar com o seu oposto alguns dias mais tarde: «Os contrários atraem-se».
Para nos destabilizar, o manipulador poderá fazer uso de uma boa dose de sofisticação no vocabulário e nas formas sintáxicas. Quanto mais as palavras forem eruditas, a sintaxe for retorcida, menos compreendemos o que ele diz. (...)
Isabelle Nazare-Aga
Formada em Psicomotricidade, Terapias Comportamentais e Cognitivas e em Programação Neurolinguística
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