O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, março 02, 2020

...eles são encarniçadamente contra a mulher



COMO OS HOMENS DEFINEM A MULHER
E QUEREM O SEU CONTROLO...

— De acordo com os homens o útero limita à mulher tanto mental como fisicamente. Esta é a razão pela qual às mulheres, apesar de seu acesso ao conhecimento, não lhes tem sido permitido determinar o que é este conhecimento. Tenha em conta, por exemplo, os filósofos — propôs Esperanza. — Os pensadores puros. Alguns deles são encarniçadamente contra a mulher. Outros são mais subtis, no sentido em que estão dispostos a admitir que a mulher poderia ser tão capaz como o homem, se não fosse a ela não lhe interessar as investigações do domínio racional, e no caso de estar interessada, não deveria estar. Pois, dizem, fica melhor à mulher ser “fiel” à sua natureza, como companheira nutridora e dependente do macho.
Esperanza expressou tudo isto com uma inquestionável autoridade. No entanto, em poucos minutos, a mim já me assaltavam as dúvidas. — Se o conhecimento não é outra coisa senão do domínio do masculino, a que se deve então a sua insistência em que eu vá à universidade? — perguntei.

— Porque você é uma bruxa, e como tal precisa saber o que te afecta, e como te afecta — respondeu. — Antes de recusar algo deve saber por que o recusa.


in Sonhos Lúcidos
FLORINDA DONNER-GRAU

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