O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, junho 26, 2022

LUTO NA ALMA

UM PAÍS DE MISERÁVEIS...um pais atrasado, corrupto de politicos mentirosos, farsantes e de gente pobre e deonte...muito  doentes! (E não é virus...é sementes!)

UM PAIS :
"Doente em larga escala.
Doente na cultura.
Doente na educação.
Doente no civismo.
Doente na justiça.
Doente, porque a palavra “equidade” desapareceu dos nossos discursos, dos nossos gestos, das nossas atitudes..."



José Reis
24 de junho às 09:35 ·

Jéssica, consegues ouvir-me?
Sou apenas um dos milhões de pais deste Portugalzeco que continua dilacerado com o choque.
Por muito que evite fazer juízos de valor, só há uma palavra para o que te fizeram: monstruosidade!
Olho para o teu rosto lindo iluminado pelo sorriso da pose para as fotografias e constato que sou um peão insignificante nesta tragédia grega.
Pertenço àquela classe de pessoas a quem a paternidade veio mudar por completo, porque aprendi a colocar o bem estar da minha filha como prioridade máxima.
Jéssica, consegues ouvir-me?
Diariamente, lido com dezenas de crianças mais velhas do que tu e tento não defraudá-las na sua lenta caminhada pela conquista de felicidade…
Não pretendo ser o porta-voz da consciência de um país.
Mas sinto que tenho de pedir-te desculpas.
Como pai e professor, como cidadão de um país que está gravemente enfermo. Doente em larga escala.
Doente na cultura.
Doente na educação.
Doente no civismo.
Doente na justiça.
Doente, porque a palavra “equidade” desapareceu dos nossos discursos, dos nossos gestos, das nossas atitudes.
Jéssica, consegues ouvir-me?
No plano superior onde o teu espírito vagueia neste momento, talvez não compreendas porque te peço perdão…
Faz parte da minha profissão transmitir que as bases de uma sociedade são a Educação e a Justiça.
E lentamente, assisto ao seu colapso, sentindo-me impotente por não lutar ativamente contra esse desmoronamento.
Como professor, sinto que trabalho para consolidação de estatísticas fictícias e construção de competências artificiais.
Como pai, sinto que transmito à minha filha valores anacrónicos, porque em Sociedade, já se torna irrelevante escolher corretamente entre Bem e Mal; Certo e Errado; Justo e Injusto.
Jéssica, consegues ouvir-me?
Não te deixaram concluir a tua Missão aqui na Terra.
Talvez estivesses destinada a espalhar Alegria, a mudar o Mundo com a luminosidade do teu sorriso.
Talvez estivesses destinada a ser uma aluna de Quadro de Excelência, a concluíres brilhantemente uma Licenciatura ou um Doutoramento.
Talvez tivesses o condão de contribuir para um Mundo melhor…
Mas sabes o que vejo agora?
Uma sociedade com cada vez mais licenciados e “Doutores” mas à qual lhe faltam tantos, mas tantos valores.
Valores esses que não deveriam depender da riqueza nem da sua ostentação.
Valores esses que antigamente eram ensinados nas casas dos mais humildes, sentados em redor de uma mesa onde por vezes fumegava meia tigela rachada de caldo aquecido com uma côdea de pão duro.
Pois esta é a doença mais profunda que estamos a atravessar: a da falta de valores.
Um país que tem como figura máxima um político que apela aos portugueses que evitem ficar doentes…
Um país com um governo eleito por clientelas de caciques que nos levam a uma taxa de inflação que não se vivia já há 29 anos…
Um país que tem de repensar as suas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, fazendo uma depuração profunda e eliminando os maus profissionais, os acomodados que pomposamente elaboram relatórios com taxas de sucesso elevadíssimas, esquecendo-se que, por detrás de uma estatística automatizada, está um ser que luta, com as armas que tem ao dispor, pelo direito elementar a ser Criança.
Jéssica, consegues ouvir-me?
Parece que nada aprendemos com o exemplo da Valentina, espancada na banheira às mãos de quem jurou protegê-la de todo o Mal.
Jéssica, perdoa-nos!...
…Por acharmos que sabemos o que fazemos…


1 comentário:

Vânia Jones disse...

Fiquei em choque. Não entendo. Como é possível magoar uma menina? Vomitei literalmente até parar de ver as notícias. Tive que desligar do assunto.