O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O MISTÉRIO DA MULHER
ESTÁ INTIMAMENTE LIGADO À UNIÃO DAS MULHERES
E AOS LAÇOS ENTRE MÃE E FILHA.

AO DESTRUIR ESSA UNIÃO E DIVIDINDO A MULHER AS SOCIEDADES PATRIARCAIS, FRAGMENTARAM AS PRÓPRIAS MULHERES E ISSO PERMITIU-LHES DOMINAR METADE DA HUMANIDADE FAZENDO ESSA METADE ESCRAVA DE OUTRA METADE.



OS MISTÉRIOS ELEUSIANOS FORAM DURANTE MILÉNIOS
O CULTO POR EXCELÊNCIA DA HUMANIDADE


“O Mito Deméter-Perséfone é um dos mais arquetípicos e duvido que não o encontremos, de algum modo, nas tradições espirituais de todos os povos da Terra. Como vimos, trata-se de um Mito que nos apresenta as relação entre as forças da Natureza e, portanto, surge necessariamente na alma de quem se relaciona com as forças do mundo natural. Todas as sociedades deram com esse arquétipo em suas primeiras fases agrícolas. Num certo sentido, ele está presente em todo o paganismo – “pagão” significa, no sentido romano, “pessoa do campo” – e os costumes folclóricos europeus da época medieval exprimem, como se pode ver com bastante clareza, esses arquétipos.
A feitiçaria medieval tem muitas probabilidades de ter sido uma forma ingénua de celebração de mistérios pagãos dessa espécie, em vez de uma “conspiração espiritual” contra a Igreja organizada, que quase a destruiu por inteiro.
No período de caça às bruxas, projectou-se a figura de Hécate nas mulheres que participavam desses simplórios rurais, enquanto que os homens tiveram projectado sobre si o arquétipo de Pã, tomado como uma espécie de figura “demoníaca”. Assim, a sociedade patriarcal da Igreja sentiu-se em pleno direito e, na verdade, contando com a aquiescência do Deus Pai, para perseguir e destruir tudo o que via, por meio das suas próprias projecções, como figuras do mal. Talvez a Igreja temesse de modo mais particular nesses resquícios dos mistérios de Deméter-Perséfone-Hecate fosse a Deusa Tríplice, que ameaçava a sua visão de mundo dualista.”

In "A DEUSA TRÍPLICE!”
ADAM MCLEAN


DEMÉTER-PERSÉFONE-HECATE
As três facetas da Deusa tríplice



“Deméter é a Deusa da expressão das forças naturais, que se expandem exteriormente sobre a superfície da Terra, a Deusa do milho nascido. Hécate é a Deusa tríplice do Mundo Inferior, a guardiã feminina das forças subterrâneas. Na mitologia grega e em comentadores ulteriores, Hécate costuma ser apresentada como uma bruxa assombrosa, a personificação dos horrores do inferno. Mas há um lado mais luminoso da sua natureza, com o qual os gregos se relacionavam, que tem a ver com a guardiã do Mundo Inferior (…) Ela é uma mediadora, uma Deusa Lua arquetípica. Dentro as três facetas aqui mencionadas, ela é a única que se pode movimentar entre as trevas e a luz.”
“Com efeito, o homem primitivo invejava à Mulher o seu mistério, a sua ambiguidade fundamental, o seu poder de dar a vida, o homem moderno porém esqueceu, pela sua educação completamente masculinizada, este desejo metafísico da Mulher Divina. Esse desejo encontra-se no estado inconsciente em todos os indivíduos. Os poetas e os artistas os traduzem nas suas obras, os outros nos seus comportamentos aparentemente inexplicáveis ou simplesmente aberrantes como é o caso da imitação fisiológica e do fetichismo do vestuário.

(...)
O padre que oficia nos seus trajes de cerimónia, todos de origem feminina, e o travesti, castrado ou não, obedecem a um mesmo desejo. Destapar uma ponta do véu , descobrir o famoso véu de Ìsis.”
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