O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, novembro 24, 2006

"O ciúme jamais está isento de uma ponta de inveja. Freqüentemente essas duas paixões estão confundidas."
...Jean de La Bruyère, ensaista e moralista francês


HOJE, EM VEZ DE ME DEIXAR DOMINAR POR UMA VONTADE DE CRÍTICA SOCIAL E POLÍTICA,RESOLVI ANTES ENALTECER OS GATOS...
ESTES ANIMAIS PRECIOSOS QUE SÓ QUEM OS TEM E AMA DE FACTO PODE PERCEBER O FASCÍNIO E A GRATIDÃO DE HAVER NO PLANETA SERES TÃO SUBLIMES QUE NOS ACOMPANHAM NO DIA A DIA.

SEI QUE HÁ ANJOS DA GUARDA...SEI QUE HÁ MESTRES, SEI QUE HÁ FONTES DE SABEDORIA E AMOR NO UNIVERSO, MAS A MINHA GRATIDÃO VAI HOJE TODA PARA OS GATOS PORQUE SÃO DIVINOS E VIVEM AO NOSSO LADO NUM CORPO FÍSICO E SOFRENDO A LOUCURA E IGNORÂNCIA HUMANA QUE SE ABATE TANTAS VEZES SOBRE ELES...



"Devo confessar que sempre vislumbrei em vós um toque do sagrado, porque não hesito em considerar-vos seres divinos, que eu não fui capaz de retratar com o talento nas telas e nos desenhos em que vos tentei eternizar. Sim, é verdade que vos escrevi cartas, sobretudo a Bimbo, já no fim da vida, e que não tinha sossego nos meus telefonemas sempre que me diziam que algum de vocês estava doente ou andava fugido. Isso nunca foi uma fraqueza minha e sim uma das principais manifestações do amor que consegui compartilhar com outros seres.

Ainda assim, alguns dos quadros de que mais gosto são precisamente aqueles em que vos reservei lugar, com títulos como O Gato e o Pássaro ou A Montanha do Gato Sagrado. Os gatos ajudaram tambem a fortalecer amizades com artistas e poetas que comungavam comigo esse amor e essa admiração irrenunciáveis. Foi o que aconteceu com Rainer Maria Rilke. Até isso eu vos fiquei a dever, tributo reservado a um pintor que tentou estar sempre à altura da vossa ternura e infinita capacidade de dádiva.

Agora que estou de partida, levo comigo a recordação do que vocês foram para mim e a convicção de que não teria sido o que fui, nem teria chegado onde cheguei, sem o vosso amparo e dedicação. No meu íntimo, sei que voltaremos a encontrar-nos, porque não pode acabar no perecível mundo material e terreno um amor como o nosso.

Eternamente vosso

PAUL KLEE
(in Amados Gatos de José Jorge Letria-Oficina do Livro)

Copiado do Mar ao Luar…

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