PATRÍCIA VIEGAS dn
Leila Hussein viu o marido asfixiar e apunhalar a própria filha de 17 anos há cerca de um mês e meio. O homem decidira que a jovem merecia morrer porque tinha desonrado a família ao falar em público com um soldado britânico em Baçorá. Incapaz de suportar a dor de dormir na mesma cama com o assassino da filha, Leila deixou Abdel-Qader Ali, não sem antes ser espancada e deixada com um dos braços partido. Fugiu e recebeu apoio de organizações não governamentais que fazem campanha contra os crimes de honra. Esperava encontrar-se com um contacto que a iria ajudar a viajar para a capital da Jordânia, Amã, a 17 de Maio. O encontro nunca aconteceu. Leila foi atingida com três tiros, disparados por desconhecidos, e morreu no hospital apesar das tentativas que foram feitas para a manter viva. "Nenhum homem aceita ser deixado por uma mulher no Iraque. Mas eu preferia ser morta durante o sono do que dormir na mesma cama com um homem que foi capaz de fazer o que ele fez à minha filha", disse Leila ao Observer, em Abril, o mesmo jornal britânico que ontem avançou com a notícia da sua morte. Quando decidiu pedir refúgio junto da organização em causa, Leila, de 41 anos, começou a receber ameaças de morte e bilhetes que lhe chamavam prostituta. Até os filhos, Hassan e Haydar, de 23 e 21 anos de idade, respectivamente, a abandonaram completamente.
Quanto ao marido, esse, continua em liberdade e, diz o semanário, até(...)
foi felicitado pela polícia por ter zelado pela honra da sua família.
Apesar do trabalho das activistas dos direitos das mulheres ser inaceitável na sociedade iraquiana, havendo registo de pelo menos duas mortes, em Fevereiro de 2006, os relatos de Mariam e Faisal, que ficaram apenas feridas, apontam no sentido de uma execução de Leila. "Quando estavam a disparar, concentravam-se nela e não em nós." (...)
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