O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 25, 2008

falta um sopro espiritual ao feminismo


"A reivindicação de uma igualdade com o homem não é senão a manifestação de uma mentalidade de escravidão. E qualquer mulher que tenha contacto profundo com a sua femininlidade detesta esta posição. Ela não quer parecer-se com o homem. Ela está intimamente persuadida da perfeição do seu estatuto, da sua riqueza biológica e psíquica, da sua nobreza interior.

Instintivamente ela prefere a paz à luta; menos teórica e mais concreta, menos afastada das realidades quotidianas, mais próxima dos oprimidos, mais compassiva, ela tem muitas coisas a oferecer pela sua maneira de pensar o mundo e os seus grandes problemas. Não melhor, mas diferente, ela tem uma das chaves. A mulher revoltada não passa de uma caricatura de si mesma, e tem de, o mais rapidamente possível, ultrapassar esse estadio. A armadilha seria continuar a patinar por muito mais tempo num círculo vicioso de oposição e ódio ao homem, cristalização que se encontro nos velhos casais. A verdadeira realização começa com a afirmação de uma diferença não só biológica, mas espiritual." *Femme Solaire - Paul Salomon


É esse Sopro de Espiritualidade que é tão difícil às feministas portuguesas...

Presas aos conceitos redutores do marxismo ou do pragmatistmo ateísta, elas não abdicam de um posicionamento político e militantista, ainda que à sua maneira. Presas ainda aos primeiros movimentos democráticos, dependentes dos partidos socialista ou comunista, que lhes deram cobertura paternalista, sempre dentro do modelo patriarcal, elas não enxergam a forma redutora como a História as tratou e os próprios políticos ainda hoje as tratam em Portugal, e continuam subservientes às ideologias ou filosofias dos homens, ou mesmo até paradoxalmente das mulheres que se salientaram dentro do Sistema (de ensino académico) - temos as variantes das Faces de Eva - antes ou depois da revolução de abril, mas sempre dentro do pensamento racionalista, estritamente masculino. Claro que em oposição o que é absolutamente paradoxal...como se o sistema alguma vez lhes desse um lugar que não fosse o direito igual ao dos homens: fazer sexo livre, ir à guerra, ser polícia, bombeiro, ser deputada ou estivadora ou ser prostituta com estatuto legal...

Por isso não vejo nem acredito em nenhum rasgo de evolução do SER ou de uma Consciência ontológica nos seus Movimentos ou Congressos.

Falta a essas feministas um sopro de espiritualidade, que seria um sopro de alma que perderam na convicção dos seus direitos e igualdades...

Não venderam a alma ao diabo...mas venderam a alma por um estatuto de novas escravas. Iguais aos escravos, são as escravas da guerra, da produção, do consumo e da alienação global do ser sagrado, da natureza e dos animais, do seu ser interior, do ser com alma e coração como chave... para esta Nova Era!

O Feminino Sagrado, a Ecologia como dimensão de uma consciência da vida também como sagrada, é essa a espiritualidade que falta à mulher e que mais não é do que a sua própria essencia, a essência à qual devia ser fiel e servir para lá de todas as barreiras e que lhe foi negada pela história do Homem...Daí que as mulheres que pensam em termos eruditos ou filosóficos fazem-no na base do conhecimento racional e intelectual, numa perspectiva cerebral e nunca emocional ou intuitiva...

Falta à Mulher ser A iniciadora, a mulher oráculo, a mulher inspirada, instintiva, a mulher que sente o fogo da sua alma, a mulher fonte de amor que é a Amante e a Mãe da Vida, e essa é a única mulher que ainda pode salvar o Planeta da alienação e da miséria.

Essa seria a mulher verdadeira que devia antes de tudo erguer a sua voz, a Voz do oráculo que foi silenciada, condenada ao descrédito durante milénios, a voz do útero, o útero que lhe foi arrancado...as entranhas que lhe foram sugadas, o Voz do verdadeiro oráculo que lhe foi proibido pelas religiões patriarcais e pelos seus filósofos.
A Mulher para voltar a ser uma Mulher autêntica, devia Acordar em si a Medusa a Bruxa, a Sacerdotisa, a Vidente, a Pítia...era essa a Mulher que devia acordar para acordar a Humanidade para o seu fogo sagrado, a sua origem cósmica! Só essa Mulher fará a diferença!


NOTA:
Vai haver em breve um Congresso Feminista em Portugal, mas nem uma só mulher evocará a Deusa nem a sua Força Primordial...todas elas se vão debater intelectualmente, muito racionais e lógicas cheias de convicções marxistas e pragmáticas se calhar, todas brilhantes e inteligentes, quem sabe, umas contra as outras em nome dos direitos e igualdades...como machos...ao serviço do sistema patriarcal e com ele.

rlp

6 comentários:

Sirius disse...

Leonor, o que me fez andar sozinha, à deriva, em alguns momentos foi o tom militante do feminismo, onde eu percebia a luta corpo à corpo com o ser humano masculino...eu não concordava e era tachada de medrosa....qdo os incidentes começaram a ocorrer com o ex marido, retaliações que chegaram ao cumulo da violência física, algumas destas mulheres queriam que eu fosse à delegacia de mulheres. Não fui, como estrangeiro ele seria deportado!!!!! Muito complicado e mais uma vez fui tachada de medrosa. Eu o era na concepçao delas e apavorada na minha concepçao...fui buscando um caminho, primeiro conhecer os homens e virei uma boêmia inveterada e descobri o que dava vida ao jogo masculino ...foram anos interessantes onde pude perceber bem pertinho do inimigo...imagine...tão seres humanos qto as mulheres, precisando tanto serem abençoados .....Mas, cansei e fui entender as mulheres não na perspectiva do agora, as de outrora e as tradições me apontaram muitas faces da Deusa e eu , finalmente me sagrei a ela, no meu caminho iniciático.
Concordo: falta à mulher colocar na sua frente a sua dimensão espiritualizada...precisa estabelecer o nexo da sua religação não sendo afagada pelo Deus masculino, mas sim pela Força Criadora que nos revela os esponsais do masculino e do feminino.

Anónimo disse...

"Acordar em si a Medusa a Bruxa, a Sacerdotisa, a Vidente, a Pítia...era essa a Mulher que devia acordar para acordar a Humanidade para o seu fogo sagrado, a sua origem cósmica!"

Liiiiiiiindo Rosa, a cada dia você se supera!

Abração!!

Xaxeila disse...

Rosa, quando as mulheres tentam superar os homens, em seu próprio argumento lógico, racional, pragmático, elas sempre perdem. O homem é a cabeça, a mulher é o pescoço!! Ora, a cabeça pensa, mas sem o pescoço, a cabeça não vai a lugar nenhum. As mulheres que se demorarem a admitir a sua fraqueza, vão ficar tristes, deprimidas, doentes, e sentir-se-ão fracassadas. A mulher é forte no seu campo: intuitivo, sensível.

Anónimo disse...

Eu compreendo o seu ponto de vista. Também depende da sensibilidade da mulher.

Obrigada pelo seu comentário e participação activa no blogue!

beijinhos
rosa leonor

Anónimo disse...

...meu amigo, sabia que você ia adorar....

muitos beijinhos

rosa leonor

Anónimo disse...

Concordo consigo Xaxeila.

Obrigada por comentar!

rosa leonor