O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, junho 28, 2008

Que é feito das mulheres?


"Aquelas que eu recebo nos meus seminários atravessam um período de crise perto dos 40 anos mais ou menos, quando elas põem em questão o seu sucesso social. Depois elas se apercebem que falta qualquer coisa nas suas vidas, mesmo tendo um parceiro. É aliás espantosos ver até que ponto uma mulher dominante se aborrece dentro do casal! Quando ela tenta mudar, é encontrando outras mulheres que ela o consegue. Creio que iniciaticamente, toda a mulher nasce uma segunda vez de outra mulher que não é a sua mãe. Pela confiança noutra mulher, que já não é vista como uma rival, ela reconhece o seu feminino, abre-se a uma outra dimensão de amor e pode então mostrar-se de outra forma ao homem . Do ponto de vista social, não se trata de abandonar os territórios já ganhos e que elas conquistaram. Mas introduzem a noção nova de diversão e bem estar na sua vida, mudando especialmente de atitude no seu emprego do tempo. Elas afirmam assim uma forma nova de exercer a autoridade; elas impõe-se menos e descobrem desse modo que os outros sabem ser eficientes desde que lhes deixem mais espaço. Antes só os resultados contavam para elas. Hoje em dia abrem-se ao prazer de criar relações de partilha. A sua felicidade aumenta, porque a importância das relações retomou o seu lugar. Assim elas também olham o marido de maneira diferente: encontrando mais amor entre eles, vêm os aspectos positivos dos seus parcereiros e descobrem então com alguém formidável. "

Paule Salomon

Este excerto de uma entrevista com a autora e terapeuta francesa P. S. revela sem dúvida o trabalho feito com mulheres de topo, nomeadamente mulheres francesas ou suíças de nível social bastante elevado, não fala de mulheres comuns nem de uma classe média baixa, refere sem dúvida mulheres priveligiadas quer pela cultura quer pelo estatuto social.
Não pretendo estabelecer ou discutir questões de carácter social, divisão de classes, ou coisa que o valha, mas a psicologia das mulheres e a sua mentalidade ou sujeição ao sistema depende muito do estrato social e económico a que pertencem. E aqui temos um caso evidente de que só mulheres com um nível económico e cultural elevado se podem dar ao luxo de pagar psicólogos ou terapeutas…Portanto eu estou mais interessada em métodos intuitivos, acessíveis para mulheres que não podem aceder a processos ou terapias tão caras como o são as terapias alternativas e os seminários feitos com finalidades espirituais e de ajuda solidária… Sei que é um trabalho válido e merece um pagamento justo, mas temos de ter em conta a situação económica das pessoas e do País.

Eu própria faço terapia energética e tenho sempre em mente esse princípio...

Por isso sei que os preços praticados pelos terapeutas em geral são excessivos e absurdos muitas vezes. O terapeuta deve partir do espírito de ajuda e não de lucro; dizer que a credibilidade do terapeuta passa pelo preço que leva porque só assim as pessoas lhe dão valor - estilo, é barato não presta e se não for pago não é sério – é continuar a alimentar a ideia de que o que conta é o dinheiro e a importância que lhe damos como meio de valorizar as pessoas. Se bem que saiba que o senso comum pensa assim contra si mesmo, devemos contrariar essa premissa e fazer o melhor pelo menor preço…se não o podermos dar ou fazer gratuitamente. Não há dúvida que a água é um bem precioso e pagamos mais barato do que a comida…e que o ar, sem o qual não vivemos, não é ainda pago embora esteja prestes a ser irremediavelmente poluído pela arrogância e estupidez dos homens.
Por esse motivo e outros, mais tarde ou mais cedo teremos de mudar este padrão que reflecte o sistema de produzir-consumir-morrer do capitalismo decadente e pensar em termos de partilha grupal, de acordo com as possibilidades reais das pessoas e haver uma troca equitativa de bens a todos os níveis…Não vai tardar muito que precisemos todos desesperadamente uns dos outros e em que o nosso ego e aparência vai contar muito pouco.
Penso que os Círculos de Mulheres podem ser um método natural a desenvolver, mas mesmo para isso é preciso um esforço para consciencializar as mulheres da sua importância e temos de as motivar…para isso elas terão de se abrir e se dar umas às outras sem medos nem rivalidades…

Por exemplo, em Portugal, tenho observado o quão difícil é fazer isso acontecer. Tenho tentado ao longo dos anos juntar as mulheres e pouco se tem conseguido. Creio que com a queda dos valores de superfiície aos poucos e por emergência as mulheres poderão começar a sentir esse apelo. Ainda tenho esperança nas mulheres...rlp

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