O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 11, 2018

NO PAIS DOS ANÕES...



A RONAL-LÂNDIA


O PAIS DOS ANÕES...

Era uma vez um povo de anões pobres e pequeninos que não tinham como viver de forma digna e quase nada que comer e andavam todos andrajosos e que um dia foram para outras terras em busca de ganhar  e com um sonho de voltar e comprar uma casinha lá na terra...trabalhavam arduamente, dia e noite, muitos eram quase escravos, as mulheres era bonnes ou porteiras de prédios luxuosos e os homens pedreiros...mas no pais dos anões havia de vez em quando um que se salientava porque sabia fazer uns truques com uma bola numa arena - uma coisa pequena do tamanho de uma cabeça - que eles levavam entre as pernas e iam sempre em frente fazendo piruetas e depois metiam a cabeça, digo aquela coisa chamada bola dentro de umas redes e gritavam todos frenéticos, como enlouquecidos: GOOOLOOOOOOOOOOO ...gooollloooo...e atiravam-se para cima uns dos outros com selvagens.

E quando as suas cores ganhavam eles bebiam muito e ficavam muito felizes e aos saltos e cantavam dias e noites...e quando chegavam a casa batiam nas mulheres para descarregar a sua fúria os que perdiam e outros tinham em casa as fotos dos seus heróis e também erigiam monumento de bronze e pedra aqueles que levavam nos pés as bolas e corriam muito para meter e pelota nas redes do  lado contrário do campo com relva.
Esses anões que se espalharam pelo mundo viviam em muitos países, chamavam-se "tugas" e nunca esqueciam o seu país de origem a que eram muito fiéis...eles mandavam o dinheirinho todo que ganhavam para a sua santa terrinha e o Espirito Santo dizia que o guardava mas afinal abotoava-se era com ele...
E assim foram correndo os anos e os anões continuaram a adorar os seus santos, o maior de todos e a que todos rezam diante da sua catedral onde ficava a estátua, foi Eusébio, um que meteu muitos goooooooooooolos e corria como uma pantera, diziam e depois houve outro que lhe chamavam um Figo da Igreja do lado...e agora veio um outro Cristão, um anão muito pobre de um região ainda mais pobre que se tornou no actual herói da nação dos tugas, todo muito penteadinho e vaidoso, com amigos pugilistas e meninas anãzinhas modelos e muitos carros de corrida e por fim, como eles eram tão famosos e ricos e donos de tudo e o povo ficou todo convertido aquela coisa redonda que rolava e rolava de um lado para o outros entre as pernas dos anões e de vez em quando eles andavam a porrada e andavam assim de trás para frente horas e horas...
Eles eram tão famosos que até o presidente da republica dos tugas e o seu ministro foram para Paris para os ver e juntar-se aos heróis da bola e os anões, os pobres, quase analfabetos, que lá viviam há anos vieram todos com bandeirinhas e gritavam vivam, vivam os tugas, e queriam à viva força ver os seus heróis, tão ricos e famosos com tantos carros que eles sonhavam ter e passavam assim os dias à porta onde se encontraram por fim, no dia do País, que já fora de poetas e navegadores - quando havia gigantes - mas essa é outra história, a de como os gigantes pereceram todos com uma peste e só ficaram os anões - o senhor presidente e sua eminência o Treinador, uma espécie de sumo-sacerdote eleito pelos padres da bola e os seus correligionários, ex jogadores de cabeças, tipo xulos, também famosos. E finalmente assistiu-se a uma coisa incrível, por fim quando o País todo estava convertido àquela coisa redonda que rolava na relva como uma cabeça... o presidente e o treinador e o ministro, conseguiram esquecer a peste que os assolara e os gigantes que morreram e mantinham aquela paz podre entre os anões muito muito ricos e os mais pobres, os desgraçados que eram escravos no estrangeiro e até lhes deram medalhas por isso, e beijinhos por serem fiéis porteiros dos ricos e os adoravam; e assim o Pais ficou muito unido e permaneceu não sei quantos séculos em coma profundo na Ronallândia.

rlp 

PS Uma pequena alegoria ao mundo do futebol escrita há dois anos...

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