O QUE MUITAS MULHERES NÃO QUEREM VER …
REPUBLICANDO
"...Então um dia a mulher acorda do seu cansaço, da sua tristeza ou amargura, da sua raiva ou da sua nostalgia, ou pela idade ou por uma doença fatal e súbita ou pelo desgosto da perda…da desesperança de obter aquilo que uma vida inteira não obteve: o reconhecimento do seu valor, da sua força, da sua coragem, da sua entrega, do seu sacrifício…e desaba…
Sim, ela cansou-se de tal modo que teve um esgotamento, uma grave depressão…e acordou, sim, finalmente percebeu que está vazia dela mesma...que há um enorme buraco no seu coração, uma enorme ferida de rejeição de si...e começa a buscar os seus pedaços, os seus fragmentos e assim, já quando tudo parece perdido, ela ergue-se como a Fénix…e começa a renascer das cinzas de si mesma...porque ela morreu…e vê que se deu sem se dar, que se abriu sem se abrir, que amou sem se amar…e que o seu coração sempre esteve partido em dois…em esforço e sacrifico, à família, aos filhos e a tudo o que exigiam dela…o marido ou o companheiro que a tolhia e lhe dizia: “tu não és esta ou tu és aquela” e que sempre a acusou de não fazer nada…de ser uma inútil ou uma incompetente, uma isto e uma aquilo, afinal…pois a mulher sempre foi o bode expiatório do homem…sempre foi e fez o que o homem quis…e porque hoje começa a enxergar um pouco mais e a não fazer tudo o que o homem quer…ela volta a ser perseguida e queimada nas novas fogueiras que não são da Inquisição, mas de um publico e de uma sociedade ávida de explorar a desgraça alheia e a miséria humana, através das vizinhas, alcoviteiras, revistas, televisão e cinema…
Esta é a história de mães e filhas, de avós e tias…de irmãs talvez…histórias que se repetem e se repercutem ainda em todas as telenovelas e filmes…e que afinal na realidade são mesmo assim ainda…"
Rosa Leonor Pedro
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