"Quem ama
Fica cheio de não-saber
Não pára de procurar..."
Ana Hatherly - Rilkeana
SOMOS UMA ESPÉCIE DE "LOUVA-A-DEUS"...?
Escrevia ontem (no meu caderno diário) sobre a impossibilidade de amarmos os outr@s ...e a nossa extrema necessidade de sermos amad@s...esta constante inconstante da nossa vida...
Sim, vejo o amor que sonhamos como uma total impossibilidade de se viver e ai começa o grande drama humano. Temos por um lado uma carência extrema de amor, uma necessidade vital e imperiosa de sermos amad@s, vivemos a vida inteira à espera que alguém nos ame de verdade...Uma e outra vez...caímos no logro...a paixão é o primeiro sinal...cair no amor (fall in love) ...não nos elevamos no amor (up in love?)...porque por mais que queiramos falta-nos essa capacidade ou asas...e no fim talvez de uma vida percebermos que ninguém pode ou sabe amar o próximo ...nem o amante...e a vida toda é uma sucessão de enganos e de resgates e vinganças e queixas e ódios e feridas e dores e mágoas porque não nos amaram ...são todos culpados, a mãe e o pai e o irmão...a filha e o amante, a professora, a policia e o estado etc.
O Ser Humano não tem AINDA (não descobriu?) forma de amar, ele não sabe e não pode dar (ou dar-se) o que não tem, ele não pode dar e por isso não pode "amar o outro...", nem se ama a si mesmo. E não pode porque não tem esse mecanismo - essa programação - e não sabe porque não tem esse dom...essa condição...?
Então o amor que sonhamos é um PARADOXO total...queremos no outro o que não temos em nós, sempre...projectamos uma vida inteira a nossa carência e o nosso desespero no outro, projectamos o nosso sonho de amor no suposto ser amado..., sendo que afinal não o amamos pelo que ele é em si, mas apenas pelo que nós desejamos que ele seja ou que nós precisamos que seja... e mal se desfaz a ilusão do amor... que dura enquanto a ilusão dura...o amor morre e tudo a nossa volta fenece...ou morre também...e todo o encantamento cessa...
Pessoalmente creio que o amor estritamente humano - esse amor que se vê nos filmes e alimentou a literatura dezenas de anos e até a psicologia -...esse "amor reciproco" que ansiamos, ah "a alma gémea"...não é senão uma fugaz ilusão tão efémera como a vida amorosa e tão curta do Louva-a-Deus...
Nós louvamos a Deus pelo Amor, um amor maior que nunca encontramos e por ele matamos...o louva-a-deus morre no amor...da espécie...e alimenta-a com o seu corpo que a fêmea come...nós...não somos antropófagos mas andamos lá perto...
Desculpem a crueza...MAS mesmo assim CREIO QUE PODEMOS EXERCER em vida uma constante fraternidade na base dessa consciência e de uma vontade verdadeiramente humana...ou então podemos buscar esse amor infinito e que não é humano e que por isso nos transcende em deus ou na deusa...sim...louvar a Deus ou à Deusa... sem a comer - perdoem-me o trocadilho - é, à falta de amor, puro humor negro...
rlp
Fica cheio de não-saber
Não pára de procurar..."
Ana Hatherly - Rilkeana
SOMOS UMA ESPÉCIE DE "LOUVA-A-DEUS"...?
Escrevia ontem (no meu caderno diário) sobre a impossibilidade de amarmos os outr@s ...e a nossa extrema necessidade de sermos amad@s...esta constante inconstante da nossa vida...
Sim, vejo o amor que sonhamos como uma total impossibilidade de se viver e ai começa o grande drama humano. Temos por um lado uma carência extrema de amor, uma necessidade vital e imperiosa de sermos amad@s, vivemos a vida inteira à espera que alguém nos ame de verdade...Uma e outra vez...caímos no logro...a paixão é o primeiro sinal...cair no amor (fall in love) ...não nos elevamos no amor (up in love?)...porque por mais que queiramos falta-nos essa capacidade ou asas...e no fim talvez de uma vida percebermos que ninguém pode ou sabe amar o próximo ...nem o amante...e a vida toda é uma sucessão de enganos e de resgates e vinganças e queixas e ódios e feridas e dores e mágoas porque não nos amaram ...são todos culpados, a mãe e o pai e o irmão...a filha e o amante, a professora, a policia e o estado etc.
O Ser Humano não tem AINDA (não descobriu?) forma de amar, ele não sabe e não pode dar (ou dar-se) o que não tem, ele não pode dar e por isso não pode "amar o outro...", nem se ama a si mesmo. E não pode porque não tem esse mecanismo - essa programação - e não sabe porque não tem esse dom...essa condição...?
Então o amor que sonhamos é um PARADOXO total...queremos no outro o que não temos em nós, sempre...projectamos uma vida inteira a nossa carência e o nosso desespero no outro, projectamos o nosso sonho de amor no suposto ser amado..., sendo que afinal não o amamos pelo que ele é em si, mas apenas pelo que nós desejamos que ele seja ou que nós precisamos que seja... e mal se desfaz a ilusão do amor... que dura enquanto a ilusão dura...o amor morre e tudo a nossa volta fenece...ou morre também...e todo o encantamento cessa...
Pessoalmente creio que o amor estritamente humano - esse amor que se vê nos filmes e alimentou a literatura dezenas de anos e até a psicologia -...esse "amor reciproco" que ansiamos, ah "a alma gémea"...não é senão uma fugaz ilusão tão efémera como a vida amorosa e tão curta do Louva-a-Deus...
Nós louvamos a Deus pelo Amor, um amor maior que nunca encontramos e por ele matamos...o louva-a-deus morre no amor...da espécie...e alimenta-a com o seu corpo que a fêmea come...nós...não somos antropófagos mas andamos lá perto...
Desculpem a crueza...MAS mesmo assim CREIO QUE PODEMOS EXERCER em vida uma constante fraternidade na base dessa consciência e de uma vontade verdadeiramente humana...ou então podemos buscar esse amor infinito e que não é humano e que por isso nos transcende em deus ou na deusa...sim...louvar a Deus ou à Deusa... sem a comer - perdoem-me o trocadilho - é, à falta de amor, puro humor negro...
rlp
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