O CASAMENTO - COMÉRCIO
(...) " O casamento é hoje para mim uma das formas, sem dúvida a mais ambígua de comércio com o outro. Se evolução houve, apenas teria sido no sentido de lhe provar o peso tribal, o que tem, por ser instituição, de mais amplo e restrito que coisa que apenas a dois importa.
Casamento é coabitar e ver-se pelos outros coabitando. É encontro e coacção, o que dificilmente será trágico, se o encontro é de muita esperança e a coacção forte. Quem entenderá com paciência que o muito querer seja mandado?
Qual o desejo do outro que é sempre inquirir do mais, que não se abala ao saber-se compulsivamente, que não unicamente, doméstico, domiciliado em parte certa? Em função do que está em causa quando o amor está em causa, estará assim em causa o casamento? Ou será que falando de amor e casamento conjuntamente ocorremos em lamentável confusão?
Ambígua instituição pois, que ratifica o desejo de devir conjunto, que não deve ser ratificado por mais nada que por seus frutos de aventura moral, pela esperança e promessa que sempre me parecem dever ser coisas livres ou não ser. Aventura e coisa da cidade por oferecida e exposta, não imposta."
Maria Velho da Costa, in Caderno Casamento da Revista o Tempo e o Modo, 1968.
A Origem da Violência contra a Mulher...
..." a violência contra a mulher não é conjuntural, não é esporádica, é estrutural do sistema. Sem essa violência contra a mulher, o homem não pode exercer a violência do homem contra o homem, porque o grande modelo da violência é a violência contra a mãe. Tudo o que as crianças vêem no primeiro ano de vida tomam como natural, nunca esquecem. Assim, elas aceitam uma sociedade opressiva e autoritária. Quando vêm uma mãe que não apanha, elas aceitam uma sociedade democrática e pluralista." - rose marie muraro
O CORPO FEMININO SERVE
COMO OBJECTO MÉDICO E "MEDIÁTICO"
"Quando se fala das mulheres e para as mulheres, o discurso sobre a corporalidade parece tomar rumos precisos: o corpo parece ser a ancora da mulher no mundo, sua razão de ser, para si mesma e para o outro, para o desejo do outro. Essa é a lógica que orienta o discurso dos midea e se torna visível tanto no discurso da publicidade, quanto dos programas femininos . Essa equação mulher=corpo se reafirma nos programas femininos, onde abundam médicos de especialidades diversas para falar de tudo aquilo que falta ou sobra na insubordinação fisiológica feminina”
(Excerto de um Estudo de L.Graciela Natansohn
Da Faculdade de Tecnologia e Ciência)
PARA OS ROMÂNTIC@S...
"Quanto aos amantes, seriam odiosos se no meio de suas caretas o pressentimento da morte não os roçasse. É perturbador pensar que levamos para o túmulo o nosso segredo — a nossa ilusão —, de que não sobrevivemos ao erro misterioso que vivificava o nosso alento, que excetuando as prostitutas e os cépticos todos se perdem na mentira, por que não adivinham a equivalência, na nulidade, das volúpias e das verdades."
- Emil M. Cioran
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